Por Francisco Camargo*
Em um mundo hiperconectado, o mundo virtual impacta cada vez mais o mundo “real”, expondo a vulnerabilidade das infraestruturas conectadas: água, eletricidade, usinas hidrelétricas e nucleares, internet são os novos alvos em caso de guerra ou não.
Como vimos agora com o ataque coordenado, detonando virtualmente e simultaneamente Pagers no Líbano e ferindo seus portadores.
Exemplos não faltam. O emblemático ataque contra o oleoduto norte-americano Colonial Pipeline, o warm de computador Stuxnet, que ataca o protocolo industrial SCADA, vírus que foi projetado para atacar instalações nucleares iranianas.
Esse ataque contra as instalações de enriquecimento de urânio do Irã fez suas centrífugas irem a mais de cem mil rotações por minuto, danificando-as e prejudicando seriamente o desenvolvimento da bomba nuclear do país.
Imagine a perda de vidas e prejuízos incalculáveis que apagões cibernéticos de infraestruturas críticas, deflagrados por investidas hackers, como aeroportos, sem o controle de pousos e decolagens; sistemas elétricos, de fornecimento de água, de GPS, podem causar.
Vamos fazer um exercício mental, imaginemos que um ciberataque corte a internet do Brasil por um dia. E se for por dois dias, por uma semana, quais seriam as consequências para a população e a economia?
Sem WhatsApp, sem internet bank, sem redes sociais para vendermos e comprarmos produtos, qual seria o prejuízo para a economia?
Alguns estudos dão conta que mais de 60 ciberataques contra infraestruturas brasileiras aconteceram em 2023.
Em caso de guerras, esse tipo de ofensiva é muito poderoso.
Estamos presenciando um novo modo de ataque, que hibridiza – físico e virtual – as táticas de ataques, como a explosão dos pagers que ocorreu no Líbano.
Hibridiza hardware e soluções com IA permitindo, por exemplo, que enxames de drones minúsculos, inteligentes, com dois gramas de explosivos, soltos de um avião sobre uma tropa inimiga e se aproximando de qualquer animal com temperatura superior a 35 graus.
Fato é que as guerras estão se tornando cada vez mais precisas, voltamos, por outros meios, de certa forma ao século XIX em que não havia ainda armas de destruição em massa. Elas passaram a ter, com a inteligência artificial, precisões cirúrgicas.
A resiliência cibernética de um país é essencial para proteger sua soberania digital porque, quando se fala em ataques cibernéticos, não existe mais distinção entre o Real e o Virtual.
A resiliência do país depende da resiliência de suas empresas e governos, que dependem da informação e da formação da sua população.
*Francisco Camargo é CEO da CLM, distribuidor latino-americano de valor agregado, com foco em segurança da informação, proteção de dados, cloud e infraestrutura para data centers.