Sonhos, desafios e a busca por leveza: Reflexões sobre a vida após os 70

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O que significa aproveitar a vida? Esta é uma pergunta que muitos de nós já nos fizemos em algum momento. Aos 72 anos, comecei a olhar para as várias possibilidades da vida com olhos amorosos, perguntando-me: O que ainda é possível? O que desejo fazer ou desfazer verdadeiramente? Até onde posso ir, considerando minhas limitações de idade?

Mesmo na terceira idade, meus sonhos e projetos ainda são vastos, mas as escolhas se tornam necessárias, começando pelas mais simples, como tornar a vida “leve”. Entre as minhas aspirações estão: Estudar inglês; Cantar no coral ou em bares; Estudar cinema ou me tornar uma estrela do teatro do bairro; Ler livros que nunca li, como “Em Busca do Tempo Perdido” de Marcel Proust; Mostrar ao mundo outras formas de se vestir, para si mesma e com arte; Escrever alguns poucos livros sobre a minha alma.

Mas o que é a alma? Existe alma? Não sei se você entende de alma, mas eu sou movida pela emoção de viver os plurais e os singulares da existência. Claro que a alma sou eu.

Quero escrever para o mundo, para que as crianças aprendam a ler e escrever de maneira lúdica e os idosos possam compartilhar suas histórias e experiências, guardadas na caixa secreta das memórias.

Aproveitar a vida é torná-la leve, recordar, contar e relembrar os momentos. Risos que vivenciei com meus pais, quando tive a oportunidade de desenvolver a minha sensibilidade e, com ela, tentar viver meu cotidiano.

A verdadeira riqueza de aproveitar a vida e torná-la mais significativa é ter a companhia de irmãos e irmãs vivos, amigos, vizinhos, conhecidos e desconhecidos, enfrentando desafios e problemas. É compreender com sabedoria a música “Tocando em Frente” de Almir Sater, que nos lembra:

“Ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais.”

 

A canção fala sobre a serenidade que vem com o tempo, a importância do amor, da paz e da aceitação das coisas como são. “É preciso amor para poder pulsar, é preciso paz para poder sorrir, é preciso a chuva para florir.”

 

Aproveitar a vida com sabedoria é valorizar o tempo que nos resta, o “presente de viver o presente”. Cada um de nós compõe a sua história, e cada ser carrega o dom de ser capaz e ser feliz.

 

Levo comigo a certeza de que sei muito pouco, ou nada sei. E, assim, vou seguindo em frente, parafraseando novamente a canção, apreciando cada momento, “conhecendo as manhas e manhãs, o sabor das massas e das maçãs”, com amor, paz e sabedoria. 

 

*Suely Tonarque é psicóloga, gerontóloga e especialista em moda no envelhecer