Por Fernando Alex de Carvalho
A logística reversa, inicialmente desenvolvida para retornar insumos e embalagens ao ponto de origem, evoluiu significativamente com as mudanças no modelo de consumo da população. Hoje, esse processo é essencial não apenas para a sustentabilidade ambiental, mas também para a eficiência operacional das transportadoras, especialmente no contexto do e-commerce e das plataformas digitais.
No início, a proposta atendia principalmente à devolução de pallets e embalagens, garantindo que os materiais utilizados em entregas retornassem para reaproveitamento. Com o tempo, o conceito se expandiu para incluir a troca de produtos defeituosos ou não conformes, o que é fundamental no setor industrial e de varejo. A ascensão do comércio eletrônico, por sua vez, trouxe novos desafios e oportunidades para a logística reversa, tornando-a fundamental para o atendimento ao cliente e a eficiência operacional. Para se ter uma ideia, as vendas virtuais alcançaram R$ 185,7 bilhões de faturamento em 2023, de acordo com uma análise da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm).
Atualmente, ao realizar entregas, as transportadoras frequentemente coletam produtos devolvidos simultaneamente, otimizando o uso dos veículos e reduzindo viagens ociosas. Esse modelo “casado” de operação é uma resposta direta à necessidade de rapidez e eficiência na cadeia de suprimentos moderna.
Desafios e vantagens
Mesmo em evolução, um dos maiores desafios da logística reversa atualmente é a coordenação entre a coleta e a entrega – processo que envolve agendamentos precisos, tanto na retirada quanto na devolução, exigindo um planejamento detalhado para evitar ineficiência. A falta de maturidade no uso de tecnologias avançadas e a variabilidade dos tipos de produtos transportados podem complicar ainda mais essa coordenação.
Além disso, outro obstáculo para as transportadoras é lidar com a logística reversa dos embarcadores (indústrias e varejistas) e das suas próprias operações. Isso requer sistemas robustos de agendamento e roteirização, além de um entendimento profundo das necessidades específicas de cada cliente e tipo de carga.
Contudo, a implementação eficaz da logística reversa pode trazer inúmeros benefícios. Primeiramente, há uma significativa redução de custos operacionais. A coleta de produtos devolvidos durante as entregas evita viagens de retorno vazias, otimizando o uso dos veículos e aumentando a receita.
A prática também contribui para a sustentabilidade dos negócios, uma vez que a reutilização de embalagens e a devolução correta de produtos evitam desperdícios e impactos ambientais negativos. Empresas que adotam a logística reversa fortalecem suas práticas de ESG e ganham vantagens tanto em sustentabilidade financeira quanto em responsabilidade ambiental.
Tecnologia: uma aliada indispensável
Para superar os desafios e maximizar os benefícios da logística reversa, a tecnologia é uma aliada indispensável para as empresas do setor, que podem fazer uso de ferramentas avançadas de roteirização e planejamento de cargas para coordenar coletas e entregas de maneira eficiente. Sistemas de BI e KPIs integrados também permitem às transportadoras analisarem a demanda e prever tendências, ajustando suas operações de forma proativa.
A tecnologia ainda facilita a rastreabilidade e a transparência em toda a cadeia de suprimentos, proporcionando uma visão clara dos pontos críticos e das oportunidades de melhoria, uma vez que os sistemas integrados permitem uma gestão mais eficiente das operações, desde o agendamento até a execução das coletas e entregas.
A logística reversa é, portanto, um componente vital da cadeia de suprimentos moderna, especialmente no contexto do e-commerce e das plataformas digitais. Embora ainda existam desafios a serem superados para garantir ainda mais eficiência no processo, a adoção de tecnologias avançadas e um planejamento estratégico podem transformar esses obstáculos em oportunidades de melhoria contínua.
Transportadoras que investem na maturidade operacional e na integração tecnológica não apenas aumentam sua eficiência e sustentabilidade, mas também se posicionam como líderes de mercado, prontos para atender às crescentes demandas do consumo contemporâneo. A logística reversa, desta forma, não é apenas uma necessidade operacional, mas uma vantagem competitiva fundamental no cenário atual.
Fernando Alex de Carvalho é Gerente de Mercado e Produto do Grupo Benner, empresa que oferece softwares de gestão empresarial e serviços tecnológicos para revolucionar e simplificar os negócios.