Boçoroca ou voçoroca? As duas denominações estão corretas, diz pesquisador do IPT.

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Defesa Civil Estadual e IPT vistoriam boçoroca em Lupércio/SP

 

“Na área técnica do IPT usamos o termo ‘boçoroca’, palavra que vem do tupi-guarani ‘yby-çoroc’, que pode ser lida como ‘terra rasgada’”, explica o pesquisador Gerson Salviano, da unidade de negócios Cidades, Infraestrutura e Meio Ambiente do IPT (Cima). “A origem indígena da palavra – diz o pesquisador – vem ao encontro do fato de que essas formações são reconhecidas de longa data, tendo sido descritas pela primeira vez em 1868 elo estudioso britânico Francis Burton.” (PONÇANO & PRANDINI, 1987; FURLANI, 1980).

Segundo Salviano, as boçorocas são formadas, geralmente, em locais de concentração de escoamento das águas pluviais. “Locais como cabeceiras de drenagem e embaciados de encostas onde o aprofundamento da erosão, do tipo ravina, intercepta o lençol freático. Pode-se observar grande complexidade de processos do meio físico como liquefação de areia, escorregamentos laterais, erosão superficial, entre outros, devido à ação simultânea das águas superficiais e subsuperficiais.”

Este tipo de processo erosivo atinge grandes dimensões, observa Salviano. “Pode gerar vários impactos ambientais na sua área de ação e na drenagem em direção à foz de um rio (jusante), tornando-se um complicador para o uso do solo nesse local. A boçoroca é a feição mais flagrante da erosão antrópica, ou seja, aquela causada pela atividade humana. Pode ser formada por meio de uma passagem gradual da erosão laminar para sulcos e ravinas, cada vez mais profundas. Ou, então, diretamente a partir de um ponto de elevada concentração de águas pluviais.”

A consequência dos processos erosivos é o transporte de sedimentos dos locais afetados até sua deposição nos córregos, ribeirões, rios e reservatórios, num processo denominado assoreamento. “Ocorre a deterioração da qualidade dessas águas, além de trazer com maior frequência e intensidade de inundações danosas e também alterações ecológicas que afetam fauna e flora”, conclui Salviano.

Lupércio – Cidade do interior paulista a 426 quilômetros da capital, onde uma cratera começou a se formar em 2007 em uma área rural privada. Aumentou após fortes chuvas que atingiram a região chegando a 226 metros de comprimento, conforme dado da Defesa Civil do Estado, 25 metros de largura e 15 metros de profundidade, ainda de acordo com a gestão municipal. Hoje, ela se aproxima de uma avenida pública do município, segundo informação da prefeitura local.

Na quarta-feira (24) Claudio Luiz Ridente, também da unidade de negócios Cima do IPT, realizou vistoria técnica no local. Relatou ao ‘Estadão’ que as obras emergenciais feitas pelo município para conter a cratera são insuficientes para frear a erosão. “É necessário aproveitar a época de seca para reforçar a estrutura antes da volta das chuvas”, alertou Ridente. Equipe do IPT prepara um relatório com medidas para recuperar o local e será entregue à Defesa Civil Estadual. A Coordenadoria Estadual da Defesa Civil informou que aguarda o relatório do IPT para estudar medidas de contenção juntamente com a autoridade municipal.