A alimentação desempenha um papel crucial no tratamento de diversas patologias, incluindo a dengue. Ela pode atuar tanto na manutenção do estado geral dos pacientes, quanto influenciar diretamente na gravidade e na recuperação da doença. Embora não haja evidências científicas definitivas sobre alimentos específicos que previnam a dengue, é inegável que uma alimentação adequada pode contribuir significativamente para o bem-estar do paciente.
Segundo a coordenadora do curso de Nutrição da Estácio-RS, Juliana Gonçalves, a dengue já está sendo considerada uma epidemia, o que torna fundamental buscar auxílio além da medicação. No entanto, ainda não há consenso científico sobre alimentos que previnem a doença. Enquanto a prevenção por meio da alimentação ainda não está totalmente elucidada, é claro que pacientes com um bom estado nutricional podem enfrentar a doença de forma menos grave.
Durante a infecção pelo vírus da dengue, é comum que o paciente tenha seu apetite afetado, comenta Juliana. Dependendo dos sintomas apresentados em cada paciente, é essencial privilegiar alimentos leves e de fácil digestão, como frutas, verduras, legumes e carnes brancas. Além disso, é importante garantir uma boa hidratação, optando por água, água de coco, sucos naturais e até mesmo o famoso soro caseiro. Embora não exista um alimento “padrão ouro” para fortalecer a imunidade contra a dengue, sabe-se que uma alimentação variada e equilibrada, rica em nutrientes como vitamina C, vitamina D e zinco, pode contribuir para a melhora do estado imunológico do paciente. Frutas cítricas, ovos, carnes brancas, arroz integral e oleaginosas são exemplos de alimentos que podem auxiliar na recuperação do organismo. “Alimentos, fontes de vitamina C, vão ter uma ação na produção de células brancas e auxiliarão na defesa do organismo contra o vírus da dengue. Fontes de vitamina D, auxiliam na recuperação do nosso organismo. Zinco também é uma boa opção, pois tem uma ação antioxidante, anti-inflamatória contra os vírus. Alimentos ricos em vitaminas e minerais, incluindo vitamina K, que estimula a coagulação sanguínea, que é importante para os casos graves de dengue também”, explica.
Visto que a dengue aumenta a permeabilidade vascular, podendo deslocar alguns líquidos em certos locais do corpo e comprometer a circulação e a oferta de alguns nutrientes para as células, é necessário evitar alimentos que possam potencializar os sintomas da doença. Os alimentos ricos em salicilato, como o alho e a pimenta caiena, consumidos em excesso são exemplos disso. Ademais, é fundamental manter uma alimentação equilibrada, evitando alimentos ultraprocessados ricos em gordura, sódio e açúcar, que podem prejudicar a recuperação do paciente. “Dessa forma, precisamos aumentar esse volume na circulação. Então, quanto mais hidratado o paciente, melhor. Inclusive o Ministério da Saúde recomenda que adultos infectados tenham um consumo médio de água de 60 ml por quilo de peso. Há também a água de coco, que é rica em eletrólitos e minerais, sendo uma ótima opção para evitar desidratação, até mesmo em casos de febre e vômito”, esclarece a coordenadora.
Portanto, a alimentação desempenha um papel crucial no tratamento e na recuperação dos pacientes com dengue. Uma dieta adequada, aliada ao tratamento médico adequado, pode contribuir significativamente para uma recuperação mais rápida e menos grave da doença.