O impacto positivo da medicina integrativa na saúde e no bem-estar
A abordagem da prática visa tratar a causa da raiz das doenças ao invés de controlar sintomas. A Dra. Tassiana Rodrigues Alves tira dúvidas sobre o tema
Em janeiro de 2022, o Projeto de Lei 4343/21 previu que o Sistema Único de Saúde (SUS) valorizasse as práticas de medicina integrativa e complementar, em associação ao modelo de atenção à saúde baseado na medicina tradicional. Ainda que o texto do projeto não tenha sido aprovado até o momento, a discussão sobre o assunto se mostra cada vez mais relevante.
A medicina integrativa não é considerada uma especialidade, mas uma abordagem na prática médica. De acordo com Tassiana Rodrigues Alves, médica pela Universidade Federal de Uberlândia, o termo “integrativa” vem de dois motivos: primeiro, porque ela considera o paciente de forma holística, não apenas focando na doença, mas também investigando os elementos subjacentes, como hábitos alimentares, aspectos emocionais e padrões de pensamento, buscando tratar a causa raiz da doença em vez de apenas controlar os sintomas. E em segundo lugar, porque permite a incorporação de recursos além da medicina convencional, como a medicina herbal, acupuntura, nutrição, fitoterapia, aromaterapia, cromoterapia e outros. “Essa abordagem mais ampla e inclusiva visa promover a saúde e o bem-estar de forma abrangente, considerando o paciente em sua totalidade”, elucida.
O aspecto preventivo é uma das características desse modelo. Segundo a profissional, avaliar o paciente integralmente também implica investigar o estilo de vida desse paciente e os fatores que podem estar contribuindo para o desenvolvimento de alguma doença. “Realizar intervenções antes que a doença se instale é extremamente preventivo. No entanto, isso não significa que não haja benefícios para quem já possui alguma doença estabelecida. Da mesma forma, mesmo para quem já tem doenças crônicas, podemos adotar uma abordagem integral, que vai além do uso de medicamentos, e obter excelentes resultados para a vida desse paciente”, ilustra.
A médica exemplifica citando as doenças crônicas, que são aquelas na qual o paciente requer o uso contínuo de medicamentos, como pressão alta, diabetes, colesterol elevado, depressão, entre outras.
A integração contra o medo de ir ao consultório
O medo de ir ao médico é comum em muitas pessoas, muitas vezes desenvolvido desde a infância. A Dra. Tassiana Rodrigues afirma nunca ter entendido esse receio. “Acredito que devemos ter medo é de não ter acesso ao médico. No entanto, o que percebo de modo geral é que as crianças têm medo de tomar injeções, enquanto os adultos têm receio de utilizar medicamentos de uso contínuo”, relata.
Nesses casos, a medicina integrativa pode ser uma boa opção para ensinar as pessoas a fazerem escolhas mais saudáveis no dia a dia, evitando assim a dependência de medicamentos pelo resto da vida.
Para a profissional, se o paciente tem receio de receber orientações médicas, como praticar atividade física, a situação fica mais complicada, já que esse é um dos principais pilares da saúde. “Acredito que as pessoas não têm medo de ir ao médico em si, mas sim medo da mudança. Penso que este é um paradigma que precisa ser quebrado, pois estamos necessitando de muitas mudanças no mundo, e cabe a nós agirmos para que elas aconteçam”, esclarece.
É considerado ciência?
A integração de diversas disciplinas, desde a medicina convencional até práticas milenares como a Ayurveda, a acupuntura, a fitoterapia, a nutrição, a zonaterapia e outras, fazem parte desse tipo de abordagem médica. Com tantas áreas abordadas, é costumeiro a dúvida se a medicina integrativa é considerada uma ciência. A Dra. Tassiana explica a dúvida.
“É importante destacar que nem todos os médicos integrativos são iguais. Alguns podem integrar a fitoterapia, outros a acupuntura, como é o meu caso, enquanto outros podem focar em ozonioterapia ou medicina funcional, que também é o meu caso. No entanto, se surge a dúvida se a medicina integrativa é baseada em ciência, a resposta é sim, definitivamente. Ela se baseia em diversas ciências, integrando o que faz sentido para cada paciente. Por exemplo, pode haver um paciente para quem prescrevemos, além dos medicamentos, cannabis medicinal ou meditação. No entanto, às vezes o paciente pode ter resistência ao uso de cannabis medicinal, e é necessário buscar outra alternativa que seja mais adequada para esse paciente”, finaliza.
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