A participação feminina em diferentes profissões cresce anualmente no Brasil, mas elas ainda não têm as mesmas condições de equidade do público masculino. O levantamento do Dieese intitulado Mulheres no mercado de trabalho: desafios e desigualdades constantes evidencia que elas enfrentam taxas de desemprego mais altas, menores salários, dificuldades de crescimento profissional e maior informalidade.
Já o estudo Mulheres Inserção no mercado de trabalho – também do Dieese – traz dados do 4º trimestre de 2023 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, e revela que o Brasil contava com 90,6 milhões mulheres com 14 anos ou mais, das quais 47,8 milhões faziam parte da força de trabalho.
“Os números mostram a importância das mulheres em todo o ambiente de trabalho. E já provamos, há muitos anos, que temos capacidade profissional para atuar em diferentes cargos e posições. Porém, ainda não somos devidamente valorizadas e não temos as mesmas igualdades no mundo corporativo”, conta a biomédica Daiane Pereira Camacho, doutora em microbiologia e vice-presidente do Conselho Regional de Biomedicina do Paraná 6ª Região (CRBM6).
Feita por mulheres, liderada por homens
O desafio feminino também acontece na área da saúde. De acordo com o relatório A Situação das Mulheres e a Liderança na Saúde Global – elaborado pela organização Women in Global Health – 70% dos profissionais da linha de frente da área da saúde são mulheres, mas elas representam apenas 25% dos cargos de liderança.
As principais conclusões do estudo é que as mulheres ainda estão significativamente sub-representadas na liderança da saúde; de que elas devem ter direito a oportunidades iguais de liderança; de que os sistemas de saúde precisam dos seus conhecimentos e da necessidade em remover as barreiras que as impedem de assumir posições de liderança.
Exemplo de superação
Segundo dados do Ministério do Trabalho, as maiores ocupações femininas na saúde estão na nutrição, fonoaudiologia, terapias ocupacionais e afins, psicologia, técnicas em fisioterapia e afins, cuidadoras (de crianças, jovens, adultos e idosos), biomedicina e técnicos em odontologia.
“Na biomedicina temos mulheres em todas as habilitações. Elas atuam na perícia criminal, na vigilância sanitária, na saúde pública, na reprodução humana assistida, estética, análises clínicas, imagenologia – entre outras – e representam mais de 90% de todos os profissionais biomédicos do Paraná”, observa Daiane.
A vice-presidente do CRBM6 é um exemplo que superou inúmeras adversidades para se destacar na carreira, exercer cargos de liderança em gestão de ensino superior, saúde pública e teve sob seu comando áreas na vigilância em saúde de Maringá, sanitária, ambiental, epidemiológica, zoonoses e a direção da 15ª Regional de Saúde de Maringá, que abrange 30 municípios da Macrorregional Noroeste do Paraná. Atualmente, é gestora educacional na área da saúde.
“Assim como eu, outras mulheres têm total capacidade para as funções de liderança. Temos que exigir direitos iguais. Mas para que nossas reivindicações tenham alcance mais amplo, é preciso ter a liderança igualitária de gênero em nível nacional, pois isso alimentará o talento feminino na liderança global da saúde. Essa é uma pauta que não deve ficar restrita ao mês de março”, enfatiza a biomédica Daiane Pereira Camacho.