Especialista da Uniasselvi explica a chegada do outono e os impactos diretos na vida animal, vegetal e humana

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O outono no Hemisfério Sul começa nesta quarta-feira (20), às 0h06 (horário de Brasília), e permanece até 21 de junho. O início da estação reflete na diminuição das temperaturas durante aproximadamente três meses, marcando a transição do verão para o inverno. Apesar do período ser famoso pelas quedas das folhas secas na natureza, ele representa mais que isso, evidenciando diferenças climáticas e peculiaridades em diferentes áreas do país e nos reinos animal, vegetal e humano.

O equinócio de outono é um fato astronômico que está ligado à órbita elíptica que o planeta Terra realiza em torno do Sol. Neste caso, ambos os hemisférios, Norte e Sul, recebem a mesma quantidade de radiação solar, fazendo com que os dias e as noites tenham a mesma duração –

12 horas de iluminação e 12 de escuridão. As modificações são mais notadas entre os meses de abril e maio.

Para comunidades tradicionais e povos indígenas, o outono representa um momento de adaptação às mudanças sazonais, seja na prática de atividades agrícolas ou no manejo dos recursos naturais.

Enquanto no Sudeste e Sul as mudanças nas condições de tempo são mais perceptíveis e rápidas, resultando em maior frequência de nevoeiros e geadas, principalmente nos locais serranos, no extremo norte do Norte e Nordeste (principalmente no Leste), há o registro dos maiores totais de chuva, ou seja, é considerado o período mais chuvoso do ano. O maior volume acontece nas zonas mais próximas à Linha do Equador.

 

Transformações nos reinos animal e vegetal

Já no meio ambiente, a chegada da nova estação é caracterizada pela transformação marcante da cobertura vegetal. A menor incidência de luz solar sob o hemisfério, faz com que as folhagens das plantas se adaptem produzindo menor quantidade de clorofila, em resposta a essa ação, elas passam de ter tons de verde a tons amarelados e avermelhados. No caso das espécies anuais, conhecidas como caducifólias ou decíduas, há a ocorrência da senescência, ou seja, a queda das folhas como mecanismo de proteção da planta, conforme explica Maquiel Vidal, coordenadora do curso em Gestão Ambiental na UNIASSELVI:

 “O outono desencadeia importantes mudanças desde a paisagem, a agricultura e o ciclo de vida animal. Nesta estação, a produção de clorofila diminui, revelando outros pigmentos presentes nas folhas, como carotenoides (amarelos e alaranjados) e antocianinas (vermelhas e púrpuras). Essa mudança na coloração é influenciada por fatores como temperatura, luminosidade e disponibilidade de água. Por exemplo, a maior produção de antocianina se dá em temperaturas entre 10°C e 15°C, faixa comum no outono em muitas regiões.

Uma atividade característica do outono é a colheita de diversas culturas importantes, como milho, soja, trigo e frutas da estação. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) estima que cerca de 30% da produção agrícola brasileira seja colhida no outono. As condições climáticas favoráveis, com temperaturas amenas e menor incidência de chuvas, contribuem para a qualidade e produtividade das colheitas”.

De acordo com Maquiel, as folhas caídas são recursos para a prática de adubação verde, e são frequentemente utilizadas nesse período. Por outro lado, a chegada de temperaturas mais amenas contribui para a redução da incidência de algumas pragas e doenças que afetam cultivos. No entanto, é importante monitorar as produções e realizar o manejo adequado para evitar perdas. Ela completa:

“A vida animal também sofre influência da chegada do outono. Diversas espécies de aves migratórias, como andorinhas e beija-flores, partem para lugares mais quentes em busca de alimento e melhores condições climáticas. Para outras espécies, o outono é época de reprodução, como é o caso de algumas aves e mamíferos. A temperatura amena e a abundância de alimentos facilitam o processo de reprodução e o cuidado com os filhotes”.

As variações ambientais durante o outono podem influenciar os padrões de turismo, com destinos mais frios e com paisagens outonais atraindo visitantes em busca de experiências únicas de ecoturismo e contato com a natureza.

Marcas nos termômetros

A maior diferença de temperatura ocorre na região Sul, onde os termômetros em média registram mínimas de 6ºC e 8ºC, nas cidades da serra. Também é nela onde se percebe mais tons terrosos e alaranjados devido à queda de folhas das árvores.

No Sudeste e parte da região Centro-Oeste, as temperaturas tornam-se mais amenas devido à entrada de massas de ar frio, com mínimas que variam entre 12ºC e 18ºC, chegando a valores inferiores a 10ºC na serra. Nestas mesmas áreas, as temperaturas máximas oscilam entre 18ºC e 28ºC.

Enquanto no Norte e Nordeste, as temperaturas são mais homogêneas, a mínima fica em torno de 22ºC, e a máxima atinge entre 30ºC e 32ºC. O Norte experimenta uma diminuição menos perceptível no calor, acompanhada de mudanças sutis na vegetação.

Por Redação UNIASSELVI