Muitas vezes, os familiares assumem o papel de cuidadores de pacientes em casa, e embora possa ser uma tarefa fácil, é crucial garantir que medidas de controle de infecções sejam rigorosamente seguidas para proteger tanto o paciente quanto o cuidador.
Para auxiliar quem está nessa posição, é essencial entender as principais características de uma infecção para outras reações inflamatórias, bem como os cuidados necessários para prevenir a propagação de infecções dentro do ambiente doméstico.
Primeiramente, é importante distinguir a diferença entre infecção e inflamação. A professora da disciplina de Noções de Controle de Infecção da Escola Profissional da Fundatec, Karine Oliveira explica que, a inflamação é uma resposta do organismo desencadeada pelo sistema imunológico, já a infecção precisa de um agente causador, sejam eles bactérias, vírus, fungos ou parasitas, por vez estes microrganismos invadem e se reproduzem no corpo do hospedeiro, desencadeando uma resposta sistêmica.
Os principais sinais e sintomas de infecção incluem febre, secreção, dor ou desconforto, cansaço extremo e podem requerer tratamento medicamentoso. Já a inflamação é caracterizada por sintomas locais como dor localizada, calor, vermelhidão e inchaço. Importante ressaltar, que nem toda a inflamação está relacionada com uma infecção, mas sempre uma infecção está associada com uma inflamação como parte da resposta imunológica do corpo.
Segundo Karine, as infecções demandam diagnóstico e tratamento adequados, geralmente realizados por profissionais de saúde, de preferência, um médico. Embora algumas infecções possam ser tratadas em casa, é crucial seguir as orientações médicas e nunca administrar medicamentos sem supervisão ou indicação. Em casos de infecções virais, o tratamento pode se concentrar no alívio dos sintomas, já que não existem medicamentos específicos para todos os vírus.
Os cuidados domiciliares variam de acordo com o tipo de infecção e as condições de saúde do paciente. Além dos medicamentos prescritos, é essencial garantir uma nutrição adequada e a ingestão de líquidos suficiente. Por exemplo, pacientes idosos podem necessitar de cuidados especiais devido à sua vulnerabilidade a infecções hospitalares e bactérias multirresistentes adquiridas em serviços de saúde. Já crianças, frequentemente afetadas por infecções respiratórias virais, como as bronquiolites, requerem medidas como a lavagem nasal para evitar complicações maiores.
“Na maioria das vezes, os cuidados são, por exemplo, ingestão de água, que irá ajudar na recuperação desse paciente; uma nutrição adequada, com todas as refeições sendo cumpridas. Importante também falar sobre manter a caderneta de vacinação em dia, este cuidado auxilia a diminuir os sintomas mais graves de algumas doenças, essa recomendação se estende a gestantes, recém-nascidos e idosos”, orienta a professora.
Além disso, é essencial compreender os diferentes modos de transmissão das infecções, seja por gotículas respiratórias, aerossóis ou contato direto. A Covid-19 serve como um exemplo de infecção transmitida por gotículas, enquanto a tuberculose é disseminada por aerossóis. Parasitas como piolhos e sarna humana são transmitidos por contato direto. Há também a questão de pacientes que tiveram uma permanência longa em hospital ou que passaram por diversas internações.
“Temos muitos idosos com recorrentes internações, este fator propicia com que estes pacientes tenham maior predisposição para se infectar por bactérias multirresistentes, bactérias que são transmitidas através de contato. Além dos idosos, este é um risco também para os demais pacientes que, por diversas comorbidades, necessitam de cuidados assistenciais em serviços de saúde. E que quando retornam ao domicílio, aos cuidados da família, são necessários alguns pontos de atenção, como higienizar as mãos antes e após contato com o paciente, garantir uma adequada higiene manter o ambiente limpo, arejado e desinfetado. Idealmente estes pacientes, devem evitar o contato com recém-nascidos e pacientes com a imunidade comprometida, como aqueles que realizam algum tratamento quimioterápico, conclui Karine.
Embora tratar o paciente em casa seja preferível para evitar infecções adquiridas no ambiente hospitalar, é necessário avaliar os riscos e garantir que este familiar doente possa cumprir corretamente o tratamento prescrito, especialmente quando se trata de antibióticos em que os horários de administração devem ser seguidos à risca. Sintomas como febre persistente, confusão mental, falta de apetite, ausência de melhora após o tratamento devem ser considerados como alertas para procurar ajuda médica e especializada. De acordo com a professora, o risco em ser tratado em domicílio está na organização e entendimento familiar sobre o tratamento, como medicar nas doses e horários prescritos, bem como acesso à medicação indicada.