Ata do Copom : incerteza sem mudança no cenário

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Cenário Externo – O Copom mencionou a força da economia americana e a resiliência da inflação americana, o que levou a uma alta da incerteza referente ao cenário externo, o que impõe cautela, especialmente para mercados emergentes.

Atividade Doméstica – No cenário doméstico, o Copom destacou a resiliência do consumo, impulsionado por um mercado de trabalho apertado e a desinflação que aumenta a renda real disponível das famílias. O Copom avalia que, em decorrência da política de valorização do salário mínimo, do efeito da queda da Selic e da política fiscal expansionista, deve continuar a contribuir para o dinamismo do consumo. Por outro lado, o investimento deve retornar em terreno positivo com a queda da Selic. No entanto (importante), o Copom avalia que não houve surpresa substancial no cenário de atividade doméstica, apesar de uma certa preocupação sobre o dinamismo dos salários reais. O Copom ainda não tirou conclusões definitivas sobre o cenário inflacionário.

Taxa de Juros Neutra – Existe o risco de ter uma taxa de juros neutra mais elevada do que a estimativa do Focus, por causa do aumento do crédito direcionado (o Focus já está com taxa de 5% – acima da estimativa do Bacen).

Inflação – A dinâmica inflacionária não divergiu substancialmente das expectativas do Copom, mas se mostra incerta. Alimentação e industriais preocupam menos, enquanto serviços seguem pressionados nas últimas divulgações. O Copom avalia que a desinflação de serviços subjacente em 2023 foi causada por spillover da desinflação de indústrias e alimentos e deveria seguir, este ano, um caminho mais lento influenciado pelo mercado de trabalho.

Sinalização Futura da Política Monetária – O Copom justificou o uso do forward guidance: “Notou-se que, até então, os benefícios da sinalização com horizonte alargado superaram os custos tanto na avaliação ex-ante quanto na avaliação ex-post”, trazendo redução da volatilidade e guiando a formação das expectativas. O Copom conversou sobre a sinalização para o Copom de junho. A retirada do forward guidance já na reunião de março foi feita para preservar a credibilidade do Copom e evitar que tal movimento seja feito em períodos de dificuldade. Dada a incerteza, o forward guidance tornou-se mais custoso do que benéfico e foi retirado de maneira unânime.

O Copom reforçou que a alteração se deu por causa da incerteza e não por alteração do cenário base, em tese. Não deve ter impacto na trajetória de juros em si.

Porém, tem um tem começo de aparição de brechas na unanimidade com a frase: “Alguns membros argumentaram ainda que, se a incerteza prospectiva permanecer elevada no futuro, um ritmo mais lento de distensão monetária pode revelar-se apropriado, para qualquer taxa terminal que se deseje atingir”.

Nota do economista : o tema geral da ata é a incerteza, e não a deterioração do cenários. O Bacen vai virar data dependant, se os dados – especialmente dos serviços subjacentes mostram uma acomodação (já visível no IPCA de fevereiro) essa incerteza pode não impactar a trajetória dos juros | mesmo comentário para expectativas.

Alexandre Lohmann
Economista-Chefe Constância Investimentos

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