Uma cerejeira plantada pelos familiares inaugurou o Jardim do Doador, um espaço que homenageia e lembra a ação solidária que salva vidas
Elias José Perciliano Paulo, 65 anos, chegou ao Hospital Municipal da Brasilândia Adib Jatene (HMB), no dia 28 de novembro, com crises convulsivas. Internado na UTI, foi diagnosticado com AVCI (Acidente Vascular Cerebral Isquêmico) e teve morte cerebral confirmada por exames clínicos e de tomografia. Assistidos pela enfermagem e psicólogos do HMB, os filhos optaram por fazer a doação de órgãos: a primeira desde que o hospital foi inaugurado, em 2020.
“Ele teve morte cerebral. E tanta gente precisando de órgão para continuar a viver. Então, decidimos doar para que a vida continuasse”, explicou um dos filhos, Rafael França Paulo, de 39 anos. Emocionado, ele contou que a decisão trouxe conforto a ele e aos parentes, que também se sentiram acolhidos por inaugurar o Jardim dos Doadores, plantando uma cerejeira em homenagem ao pai. O novo espaço já é parte da entrada do HMB – e tem a intenção de agradecer e homenagear pacientes e familiares que, pela solidariedade, transformam as vidas de outros pacientes e familiares.
Corredor de palmas
Médicos, enfermeiros, assistentes, psicólogos se reuniram para agradecer o ato de solidariedade da família. Eles formaram um corredor para acompanhar o deslocamento do paciente no hospital e aplaudiram durante a passagem. Entre eles, Guilherme de Abreu Silveira, diretor técnico do HMB. O médico relatou que a doação de órgãos é importante para a sociedade brasileira e que o país é um expoente nesta área, reconhecido mundialmente por ter o maior programa público em funcionamento. “O Sistema Nacional de Doação de Órgãos é motivo de orgulho para todos nós. E fazer a primeira captação inaugura essa nova fase do Hospital da Brasilândia dentro do contexto de saúde pública”.
Elias doou rins, fígado e córneas. Os órgãos foram encaminhados para o Hospital das Clínicas pela OTO (Organização de Procura de Órgãos), que teve o apoio da equipe médica e assistencial do Hospital Municipal da Brasilândia. “É a primeira captação aqui no Brasilândia e a gente teve o apoio de toda a equipe, o que acaba ajudando muito. A gente precisa da equipe dentro do hospital fortalecendo todo o processo”, disse Eduardo Rodrigo, enfermeiro da OTO.
No Brasil, mais de 65 mil pessoas aguardam na lista de espera por órgãos, um dos maiores números dos últimos 25 anos. A posição da pessoa na fila depende de diversos fatores, tais como compatibilidade, idade, doenças associadas e grau de urgência, conforme avaliação da equipe cirúrgica e sempre com o conhecimento do receptor. Quem regula a fila é o Sistema Único de Saúde (SUS) e os órgãos doados vão para pacientes que aguardam na fila nacional única, controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes.
HMB
O Hospital Municipal da Brasilândia Adib Jatene é um dos mais modernos da capital paulista.
Inaugurado em 2020, está sob a gestão do IMED (Instituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimento) há 20 dias. A ampliação do atendimento, e a inclusão de novas especialidades médicas são os principais compromissos da nova administração. Os números são promissores: dos atuais 204 leitos, a capacidade do Hospital está prevista para quase dobrar, atingindo a marca de 359 leitos em 180 dias. Nesta semana começa a funcionar um novo serviço, o de endoscopia.
IMED
Criado em 2013, o Instituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimento (IMED) é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que presta serviços na área de saúde. Atualmente, é responsável pela gestão do Hospital Estadual de Urgência de Trindade (HETRIN), do Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano (HCN) e do Hospital Estadual de Formosa (HEF), todos em Goiás, além do Hospital Municipal da Brasilândia Adib Jatene (HMBAJ), em São Paulo.