Por Flávia Silva e Vanessa Amorim Teixeira, médicas-veterinárias, mestres e doutoras em zootecnia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e analistas de mercado agro da Belgo Arames
O aquecimento global é uma realidade. O desafio global é evitar que a temperatura média do planeta aumente 2ºC até 2100. A pecuária brasileira é uma aliada desse desafio, com o objetivo de aumentar sua produtividade, ou seja, a produção por hectare. Isso significa otimizar os sistemas de produção, com foco em alimentar a população e preservar o meio ambiente. Como a produção animal deve adotar práticas sustentáveis e conscientes para minimizar o impacto ambiental, a boa notícia é que a pecuária nacional já tem se destacado por iniciativas nesse sentido, sendo um exemplo para outros segmentos da economia.
A sociedade está cada vez mais exigente em relação às práticas de ESG – sigla em inglês que se refere aos compromissos ambientais, sociais e de governança –, especialmente nas questões que tratam do controle da temperatura. Afinal, o desequilíbrio e as mudanças ambientais estão de fato afetando o meio ambiente. Como o agronegócio é um setor produtivo que depende dos recursos naturais para se manter sustentável, proporcionar bem-estar aos rebanhos e oferecer mais alimentos à população, que não para de crescer, ele precisará se ajustar às novas demandas de mercado.
Sistemas que buscam minimizar os impactos ambientais, como a pecuária regenerativa e neutra, se tornam fundamentais para o futuro e a geração de valor para a humanidade. É a virada do jogo. Afinal, estudos – como uma tese premiada elaborada na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em 2020 – já indicaram que as mudanças climáticas podem gerar um rombo de R$ 8 bilhões, anualmente, ao Produto Interno Bruto (PIB). No agronegócio, especificamente, essa queda estará relacionada a uma produtividade menor – o que, na prática, significa menos carne, menos leite, menos lucro para os produtores e prejuízos à qualidade de vida para todos, possibilitando a elevação do custo dos alimentos.
A pecuária regenerativa é um sistema de criação de animais que promove a recuperação dos ecossistemas, melhoria da saúde do solo, da água e da biodiversidade. Para isso, é utilizado um esquema de integração de animais com os sistemas de cultivo, como a agrossilvopastoril – em que se combina silvicultura (madeiras), cultivos agrícolas e a criação animal e prioriza a conservação das áreas naturais, a redução da utilização de fertilizantes e pesticidas e o bem-estar dos animais. A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta já ocupa 17 milhões de hectares no país, segundo a Rede ILPF com objetivo de dobrar a área até 2030.
Já a pecuária neutra refere-se a um conceito em que emissões de gases de efeito estufa (GEE) são compensadas ou neutralizadas por práticas de redução ou de absorção de carbono. O objetivo é equilibrar as emissões geradas pela pecuária com ações que minimizam o impacto ambiental da atividade. É importante ressaltar que pecuária neutra não significa que as emissões de GEE sejam eliminadas completamente, mas, sim, compensadas de forma a equilibrar essas emissões com práticas de redução ou absorção do carbono.
Para isso, existem diferentes abordagens e estratégias, entre elas implementação de práticas de manejo e tecnologias que reduzem a emissão de GEE pelos animais e suas excreções e de práticas que aumentam a captura e o armazenamento de carbono no solo; seleção e melhoramento genético que impactam na produtividade dos animais; integração entre a pecuária e a agricultura; implementação de projetos que promovem a redução de dióxido de carbono em outras áreas, como a conservação de áreas naturais e a recuperação de áreas desmatadas – tema cada vez mais no foco do agro.
Tanto a pecuária neutra quanto a regenerativa têm como objetivo principal a promoção de soluções sustentáveis para a atividade. Embora possuam abordagens diferentes, ambas valorizam o manejo consciente dos recursos naturais e proporcionam benefícios para os animais (em termos de bem-estar), para os pecuaristas (em termos financeiros), para o consumidor final (em razão da adequação de exigências adotadas a partir de um novo estilo de vida) e para o meio ambiente, como já elencado anteriormente.
Conter com infraestrutura sustentável é fundamental para preservação do ambiente e redução das emissões de GEE. Nesse processo, as cercas, por exemplo, são essenciais para a implementação da pecuária regenerativa ou neutra, pois elas permitem manejo mais eficiente e melhor conservação dos recursos naturais, contribuem para o manejo das pastagens e auxiliam na prevenção de doenças, garantindo a segurança dos animais inseridos no sistema. Diante disso, a Belgo Arames, referência no mercado brasileiro de aços, tem desenvolvido soluções para auxiliar os pecuaristas na aplicação das melhores práticas e estratégias amigáveis ao meio ambiente e de apoio à maior produtividade.
O cercamento é essencial para o sucesso das pecuárias regenerativa e neutra. Arames lisos, como Belgo Fortte® e Belgo Eletrix® – muito usado para a eletrificação – têm alta resistência ao impacto dos animais (700kgf e 500kgf, respectivamente), favorecendo a integração de culturas, a proteção de áreas naturais e o bem-estar do rebanho. A eficácia das cercas também beneficia a intensificação de pastagens. Para os sistemas regenerativos, em que há a integralização de animais, telas como Belgo Javaporco® são importantes para cercar diferentes espécies. Um diferencial importante é a composição dos produtos, que possuem menos aço, sendo, portanto, mais sustentáveis. Além disso, o uso de materiais mais “leves”, porém com tecnologia avançada, ajuda a promover a eficiência do uso da terra, gerando menor impacto ambiental na instalação e otimizando o uso de recursos naturais. Esse é um caminho sem volta e permite que todo o setor produtivo se una em benefício não apenas do agro, mas do planeta e da vida.