O Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central (BC) faz sua penúltima reunião de 2023 nesta terça-feira (31/10) e na quarta-feira (01/11), quando deve anunciar um novo corte de 0,50 ponto percentual (p.p). Para o economista-chefe da Daycoval Asset, Rafael Cardoso, o ritmo de cortes da taxa deve ser mantido e, a partir desta reunião, a Selic passará para 12,25% ao ano (a.a). Na última reunião do ano, em dezembro, a taxa deverá cair para 11,75% a.a. Isso, segundo o economista, está em linha com as sinalizações do COPOM.
“O ciclo de queda iniciado deve continuar nesta e nas próximas reuniões no mesmo ritmo verificado até então. Os riscos fiscais e externos devem ter pouca influência para a decisão desta semana, resultando na continuidade do ciclo, mas pode ganhar relevância mais à frente. Concretamente o que temos até aqui desde a última reunião do COPOM foi uma melhora perceptível na qualidade da inflação, em especial, de serviços”, analisa Cardoso.
Cardoso lembra que a projeção da Daycoval Asset para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2023 está em 4,62%, um pouco abaixo do teto da meta de 4,75%, demonstrando forte desinflação frente a 2022 quando o IPCA fechou em 5,78%. Para 2024, a desinflação deve continuar e a projeção da Daycoval Asset é de 3,75%, mas há riscos no radar.
“Internamente há ruídos em torno das medidas fiscais o que tem levado a questionamentos sobre o cumprimento das metas fiscais propostas pelo governo de zerar o déficit fiscal em 2024. O afrouxamento ou não atingimento da meta fiscal pode levar a piora das expectativas de inflação e a depreciação do câmbio, por exemplo. Já no cenário externo há preocupações quanto ao nível da taxa de juros nos Estados Unidos, que pode limitar o espaço para a queda no Brasil, e quanto a renovação de pressão de commodities tanto devido a questões geopolíticas quanto a possibilidade do aprofundamento dos estímulos fiscais na China. Todos esses riscos podem jogar contra a redução dos juros domésticos” explica Cardoso.
Pelas projeções da Daycoval Asset, esse ciclo de ajuste das taxas deve seguir até 2024, com um ritmo de 0,5 p.p, levando a Selic a 11,75% a.a ao fim de 2023 e encerrar em 2024 em 9% a.a.