Por Ronie Vitorino Pires de Novais
É um assunto que muitas pessoas têm comentado. A linguagem simples é um conjunto de práticas, instrumentos e sinais usados para transmitir informações de maneira simples e objetiva, a fim de facilitar a compreensão de textos. Isso facilita o entendimento de pessoas com deficiência e de baixo letramento. Isso não quer dizer que as palavras que são difíceis de entender serão excluídas; elas serão explicadas de forma fácil para a compreensão da pessoa.
Uma comunicação é simples quando a pessoa que lê o texto ou escuta a mensagem, consegue entender o conteúdo de forma fácil, sem precisar reler o texto várias vezes ou pedir explicações para outra pessoa. Podemos considerar que um texto tem uma Linguagem Simples quando ele apresenta suas ideias, palavras, frases e estrutura de forma organizada para quem lê. É importante lembrar que Linguagem Simples não é uma linguagem informal! É possível escrever de forma simples e acessível, sem ser informal.
O Instituto Jô Clemente (IJC) possui materiais em linguagem simples que podem ser acessados pelo site da organização, clicando aqui.
Um dos materiais desenvolvidos pela área é a Lei Brasileira da Inclusão (LBI) em leitura fácil. Por conta de muitos artigos e palavras difíceis dentro da LBI, refletimos que outras pessoas com deficiência intelectual poderiam ter dificuldades de entender os seus direitos.
No material é explicado o significado de cada sigla, de cada artigo da lei com uso de imagens e palavras fáceis para que a pessoa com deficiência intelectual entenda. As palavras mais difíceis não são excluídas do material, mas tem uma explicação de seu significado ao lado. Afinal de contas, dessa forma, as pessoas com deficiência têm a oportunidade de aumentar seu conhecimento.
Uma informação importante é que atualmente está em discussão na Política Nacional, o uso da Linguagem Simples.
É muito importante que a Linguagem Simples vire uma lei o mais rápido possível. Existe ainda pessoas com deficiência intelectual que ficam sem entender uma leitura ou até mesmo o que é uma notícia importante, como por exemplo a Covid-19.
Certa vez, os autodefensores (pessoas com deficiência intelectual) me passaram que não conseguiam entender o que os jornalistas estavam falando sobre a pandemia e quando eles liam algo nas redes sociais, não conseguiam entender o que estava de fato acontecendo. Todas as pessoas têm o direito de entender, ainda mais um assunto importante, pois isso é um direito de todo o ser humano. Isso é acessibilidade.
Recentemente, participei da 16ª Conferência dos Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU em Nova Iorque nos seguintes eventos:
1 – Promoção do advocacy e acesso participativo à saúde: abordagens colaborativas com a sociedade civil no Brasil;
2 – Comunicação fácil de entender para acessibilidades: boas práticas e recomendações;
3 – Alcançando pessoas com deficiência e indígenas. Enfrentando o capacitismo e o racismo por meio da defesa interseccional.
Participar dessa Conferência da ONU foi uma oportunidade de discutir o tema do protagonismo da pessoa com deficiência. Mas destaco a fala para o uso de Linguagem Simples, assunto falado por diversos países. Minha fala foi na Assembleia Geral da ONU na qual normalmente quem participa são pessoas do governo. Porém, nós fomos convidados a ter uma a participação pela Organização Inclusion International, e isso foi muito importante.
Pessoas com deficiência intelectual serem porta- vozes na ONU é importante, porque elas estão se auto representando e representando outras pessoas com deficiência.