A saúde mental vem sendo discutida cada vez mais, especialmente por conta de uma rotina de trabalho que exige o máximo. Assim, torna-se importante prestarmos atenção na saúde mental do trabalhador e o Setembro Amarelo veio para nos lembrar disso. Uma pesquisa realizada pela USP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), em 2021 mostra que um em cada quatro brasileiros sofre com a Síndrome de Burnout. Isso ocorre porque, de acordo com o relatório organizado pelo International Stress Management Association (Isma-BR) no mesmo ano, o Brasil é o segundo país que mais sofre com a doença, ficando atrás apenas do Japão.
Segundo Sideli Biazzi, professora do curso de Psicologia do UNASP, o Burnout se inicia com o estresse, que é “uma reação do organismo, com componentes físicos e/ou psicológicos, que ocorrem quando a pessoa se confronta com uma situação. Essa situação pode ser que algo que a irrite, amedronte, excite ou confunda, ou mesmo que a faça imensamente feliz”.
Os agentes ou fatores estressores são as causas desencadeantes da excitação do organismo, ou seja, os eventos geradores de um estado de tensão, de natureza física, mental ou emocional, e podem ser classificados como estressores externos ou internos. “O estresse pode ocorrer em diferentes níveis, de uma forma mais transitória ou grave; no último caso, resulta em consequências que irão afetar a saúde do indivíduo. Uma das reações crônicas ou extremas ao estresse é o burnout”, explica Sideli.
Burnout é o estresse no trabalho, um termo da língua inglesa que significa queimar se ou destruir-se pelo fogo. “Provavelmente, a situação profissional que mais implique em problemas de saúde ao trabalhador e, em termos relativos, resulte em maiores taxas de depressão e até em suicídio é a síndrome do burnout”, adiciona a coordenadora.
Caracterizado por sentimentos de exaustão emocional, desapego ao trabalho e falta de realização pessoal, pode fazer com que surjam sintomas físicos como dores no corpo. “Nossos estressores, de modo geral, não requerem mais uma reação de luta física; atualmente, nossa luta é mais sutil”, acrescenta Sideli.
As mulheres são mais vulneráveis ao adoecimento, já que o avanço da participação das mesmas no mercado de trabalho não resultou em significativa divisão de responsabilidades no espaço doméstico; assim, enfrentam maior stress no desempenho de seu papel familiar do que os homens. Assim, o estresse no trabalho pode afetar também a vida pessoal e vice-versa, aumentando ainda mais a crise.
Os principais meios para prevenir o Burnout estão divididos em pilares:
- O autocuidado com o corpo
É necessário ter uma alimentação saudável, manter uma rotina para maior qualidade do sono, beber água e realizar atividades físicas e de respiração.
- Reestruturação cognitiva
Avaliar quais são as suas crenças e a qual a interpretação que tira do mundo e procurar atendimento especializado, além de fazer a própria gestão do tempo de trabalho.
- O gestor deve proporcionar um ambiente de trabalho saudável.
Isso pode ser feito por meio de rodas de conversa, programas de esclarecimento de transtornos para que o colaborador saiba identificar os sintomas.
A Síndrome do Burnout costuma não ser percebida logo no início e ser confundida com depressão e ansiedade. “É importante prestar atenção e ouvir o seu próprio corpo. Por isso, os pilares estão interligados. Portanto, não negligencie a sua saúde por conta do trabalho, já que tudo em excesso faz mal”, finaliza Sideli.