Atendimento humanizado é essencial no tratamento do Alzheimer

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Psicóloga destaca a importância da orientação sobre a doença e cuidado para todo o sistema familiar 

 

A Doença de Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo e progressivo que apresenta sintomas leves, moderados e avançados, desde falhas de memória até a necessidade de auxílio para realizar qualquer tipo de atividade. O Alzheimer afeta principalmente pessoas acima de 65 anos de idade e causa impactos também na linguagem e percepção do mundo, mudanças de comportamento, personalidade e humor. 

No Brasil, cerca de 1,2 milhão de pessoas vive com alguma forma de demência. Em todo o mundo, o número chega a 50 milhões. Entre os principais sinais da doença estão os problemas de memória, dificuldade para realizar tarefas, se comunicar e raciocinar, desorientação, entre outras. Ainda não existe cura para a doença, entretanto, diversas ações podem auxiliar no cuidado dos pacientes, suas famílias e rede de apoio. 

Este trabalho deve ser desenvolvido por uma equipe interdisciplinar e entre os profissionais está o psicólogo, responsável pela avaliação neuropsicológica para o diagnóstico de quadros demenciais, em especial, da Doença de Alzheimer. A partir deste atendimento, o profissional também fará uma intervenção junto ao paciente, família e/ou cuidadores no apoio e orientação em relação às mudanças psicossociais decorrentes da doença e seus reflexos no sistema familiar.  

A docente do curso de psicologia da Estácio-RS, Simone Chandler Frichembruder, explica que especialmente no início da doença, o psicólogo atuará nas formas de compreensão dos sentimentos dos familiares e paciente em relação ao diagnóstico, trabalhando com suas inseguranças e medos.  

“O vínculo e o atendimento humanizado com os diferentes atores envolvidos são essenciais, em especial com o paciente. Estes são determinantes no resgaste das memórias, na afirmação da identidade e no estímulo das habilidades cognitivas. É importante tratá-los de forma carinhosa, conversar, ouvir música, se for de seu interesse, envolvendo-os em pequenas tarefas na medida do possível e auxiliando-o em sua organização interna”, destaca Simone. 

Segundo a docente, independente das fases da doença, o psicólogo precisa reconhecer os desejos e sonhos do paciente, trabalhando na perspectiva de um olhar do sujeito na sua integralidade e não como sinônimo de doença. “É fundamental o apoio aos cuidadores e familiares visto a complexidade da doença desde o descobrimento do diagnóstico até seus estágios avançados”, afirma.  

A psicóloga ressalta a necessidade de reorganização do sistema familiar no enfrentamento do adoecimento do paciente, e considera essencial que o cuidado não recaia sobre um dos familiares, visto que o cotidiano da relação envolve situações que produzem estresse. “Nos diferentes estágios, há uma perda da memória e da percepção visual dos rostos, levando o paciente a não reconhecer os familiares. É inevitável que esse não reconhecimento produza sofrimento, sendo essencial a orientação que se trata parte do curso de doença e não de falta de amor do paciente com seu familiar”, explica Simone.  

A docente do curso de psicologia da Estácio-RS ainda afirmou que há um risco de afastamento do familiar na identificação da perda desse reconhecimento e o profissional deve identificar os sentimentos do familiar neste momento, respeitando o seu tempo e orientando sobre a importância de manter o vínculo e a proximidade com o paciente. 

 

 

Imagem: Freepik