Contando com bom isolamento das partes elétricas e blindagem da bateria, os elétricos oferecem mais segurança em situações extremas, como batidas ou enchentes
Muito se debate sobre os benefícios dos carros elétricos sobre os carros convencionais, de motor à combustão. Embora de maior custo, os modelos elétricos e híbridos possuem uma série de vantagens: menor emissão de gases poluentes, são mais silenciosos, possuem uma boa autonomia, em comparação com o uso de combustíveis, entre outras. Além disso, alguns estados brasileiros dão isenções fiscais na hora de comprar um elétrico.
A verdade é que os benefícios oferecidos vão além dos já popularmente difundidos. Entre estes, uma questão pouco divulgada, mas de suma importância, é a da segurança oferecida pelos carros elétricos. Ainda que os carros modernos à combustão sejam muito mais robustos e de construção mais inteligente, os elétricos passam por testes ainda mais rigorosos, o que garante sua superioridade neste quesito.
Muito dessa segurança se dá pelo simples motivo de que há uma grande preocupação com o comportamento das baterias no momento de alguma colisão. Elas são construídas de modo a proteger os passageiros do carro, com materiais especiais, em uma espécie de cofre, resistente inclusive à passagem de água e também isolados para não haver descargas elétricas.
Outra vantagem das baterias elétricas em relação aos carros à combustão é que, em caso de colisão, não há perigo de explosões. Afinal, sem a possibilidade do escorrimento de gasolina ou álcool, que, entrando em contato com as chamas, poderia explodir, já que são altamente inflamáveis, o carro elétrico mostra-se superior. Logo, em um caso de acidente, há tempo de sobra para o devido socorro às vítimas.
Um assunto que levanta suspeitas é a possibilidade de o carro elétrico dar choques. Wanderlei Marinho, engenheiro da Comissão Técnica de Veículos Elétricos e Híbridos da SAE Brasil, é sucinto: “Todo o pacote de baterias, o fluxo de energia na operação do veículo e a origem da energia são testados e validados, com um regime de isolação de tensão. Não há qualquer contato com a carcaça do veículo”.
O mesmo vale para casos de enchentes. Todos os componentes elétricos do carro ficam isolados, portanto, não há perigo de entrar em contato com a água. Outro problema que acomete os carros à combustão é a questão de ficar preso em uma enchente. Isso ocorre porque a água entra no escapamento, podendo até mesmo chegar ao motor, causando prejuízos. Os elétricos, por sua vez, não possuem escapamento.
Esta, por sua vez, é outra vantagem observada. Caso o elétrico termine submerso em uma enchente, por exemplo, basta secar alguns terminais para voltar a funcionar. Mas, de qualquer forma, deve-se evitar passar em áreas alagadas. Como medida segura, a água deve bater abaixo da metade da roda.
As baterias dos elétricos são recarregadas em tomadas especiais. Por vezes, levanta-se a questão da possibilidade de um sobrecarregamento desta bateria, podendo levar a um aquecimento elevado e uma explosão, como acontece com eletrodomésticos, eventualmente. No entanto, os elétricos são equipados com sistemas de segurança que impedem que o sobreaquecimento aconteça.
Conhecido como Battery Management System (BMS), ou Sistema de Gestão da Bateria, em tradução livre, este dispositivo é capaz de identificar o eventual aumento de temperatura e cortar o envio de corrente do sistema. Caso o sobreaquecimento aconteça com o carro em movimento por alguma falha técnica, ele limita a energia que chega ao motor, diminuindo sua velocidade máxima.
De qualquer forma, os postos de carregamento estão sendo cada vez mais aprimorados. Normas técnicas brasileiras, como a ABNT NBR IEC 61851 e as RN 414 e 819 da ANEEL, exigem que haja mecanismos que previnam contra picos na corrente elétrica durante o carregamento das baterias. O carregamento feito nas redes domésticas não apresenta tanto risco, pois é feito de forma lenta.
Contudo, leis estão sendo propostas para haver mais itens de segurança vindos de fábrica. O PL 915/23 exige, entre outras medidas: desligamento automático da bateria no momento de colisão com abertura dos airbags; sistema luminoso que indica a presença de energia da bateria após colisões; sistema de fácil acesso ao corta corrente de energia da bateria; e sistema de resfriamento imediato da bateria após colisão e abertura dos airbags.
Com o carro elétrico em funcionamento, há algo que chama a atenção: sua emissão baixíssima de som. Nos Estados Unidos e na Europa, já existem leis que obrigam que emitam sons. Isso se dá pelo fato de que a ausência de ruído impede que pedestres e outros veículos percebam a aproximação do carro elétrico. Tudo por conta do costume de se orientar pelo barulho do motor à combustão. A discussão sobre esse problema no Brasil ainda caminha.
No mais, conclui-se que, em comparação com os carros à combustão, o elétrico leva larga vantagem no quesito segurança. No entanto, seu alto custo ainda impede sua total adoção no mercado brasileiro de automóveis. Porém, ele ainda não inibe todos os riscos, como o de falha humana ao dirigir. Por conta disso, tanto donos de elétricos como de carros convencionais se beneficiam em ter um seguro de vida que cubra todas as ocasiões.