Projeto quer ampliar participação feminina nas áreas de TI

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O Brasil deve gerar cerca de 420 mil vagas de trabalho no setor de Tecnologia da Informação (TI) até 2025, mas a demanda ainda não supre a necessidade do mercado. Segundo estudo feito no começo deste ano pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), existe uma demanda média anual de 159 mil profissionais no país, mas o Brasil só forma 53 mil pessoas na área por ano.

Para ajudar a suprir essa carência, oferecer mais oportunidades de inclusão, diversidade e igualdade entre todas as pessoas, o Centro Universitário Integrado e a Fundação Educere – que é uma incubadora de empresas de base tecnológica – fizeram uma parceria inédita e estão proporcionando um método de ensino imersivo e intensivo para desenvolver habilidades na área de TI, em um curto período de tempo.

Chamado de Bootcamp 4Girls, o projeto capacita mulheres – que tenham grau de escolaridade entre o 9º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio – para adquirir novos conhecimentos no setor tecnológico. Homens também participam, mas a prioridade é o público feminino.

Noções básicas de TI

“Esses treinamentos abordam temas que envolvem informática básica, programação, criação de jogos digitais, lógica, desenvolvimento web, banco de dados, empreendedorismo, musicalização, corporeidade e comportamento”, explica o coordenador do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas do Centro Universitário Integrado, Anderson Mine Fernandes.

As aulas gratuitas começaram no dia 27 de junho, acontecem às terças e quintas – das 19h às 22h, no laboratório de informática do Integrado, no Centro de Campo Mourão – e vão até dezembro deste ano. A primeira turma já está fechada e tem 23 estudantes, sendo que a maioria é de mulheres.

Inclusão feminina e apoio

Todas as professoras do Bootcamp 4Girls têm experiência prática em suas áreas e parte delas já vivenciaram os desafios de um segmento ainda predominantemente masculino.

“Em minha graduação de Ciências da Computação, éramos apenas três mulheres numa turma de 44 estudantes. Noutra situação, eu era a única mulher numa empresa de 20 pessoas. Isso pode ser intimidador, mas as participantes deste projeto podem ocupar esse espaço, trilhar suas carreiras e diminuir a diferenças entre homens e mulheres neste segmento”, explica Cláudia Lázara Poiet Sampedro, responsável por ensinar sobre ferramentas de versionamento, um tipo de sistema utilizado no desenvolvimento de software.

“Uma das intenções deste projeto é gerar inclusão feminina. É maravilhoso ter mais mulheres na área de TI. Elas vão ter suporte, orientação e não se sentirão sozinhas nessa área ainda majoritariamente masculina”, explica Fernanda Ferrari, que ministra a disciplina de Figma, uma ferramenta de design que combina a acessibilidade da web com as funcionalidades de um aplicativo nativo e permite aos usuários criar, prototipar e compartilhar interfaces de forma eficiente e em tempo real.

Em busca de equidade

Segundo levantamento de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres representavam cerca de 20% dos profissionais de TI no país. Essa porcentagem pode variar, dependendo da região e do setor específico dentro da área. Embora essa porcentagem venha crescendo, ainda é um setor com baixa equidade.

“Esse é o primeiro bootcamp focado para as meninas. Tomara que venham outros pela frente para que elas tenham acesso às mesmas oportunidades e que dessa forma a gente possa diminuir essa diferença mostrada pelo IBGE”, complementa a professora Fernanda Ferrari.