O skatista curitibano Luigi Cini – integrante da Seleção Brasileira de Skate e sétimo colocado no ranking mundial – recebe o diploma de Votos de Congratulações e Aplausos pela conquista da medalha de ouro, obtida na segunda etapa do Circuito Mundial e que foi disputada na cidade de San Juan (Argentina), no fim de maio.
Na ocasião, Luigi ficou em primeiro lugar na modalidade Park e superou os 98 competidores de 27 países como Estados Unidos, China, Austrália, Canadá, Noruega, Japão, Espanha, Áustria, Suécia, Portugal, Dinamarca, Alemanha, Itália, França e outras nações.
A entrega do diploma ocorrerá durante uma visita aos trabalhos da ONG Cini Skate Social, amanhã dia 26 de julho (quarta), às 10h, na capital paranaense. Também estará presente o representante da Federação Paranaense de Skate, Alexandre Lopes.
A homenagem é da Câmara Municipal de Curitiba, a partir da indicação do vereador Alexandre Leprevost (Solidariedade). “A premiação é uma forma de reconhecer os trabalhos do atleta – que leva o nome da cidade a vários países – e incentivar que mais pessoas pratiquem o esporte”, explica Leprevost.
Na disputa olímpica
O jovem atleta profissional tem 21 anos de idade e 13 de prática esportiva; pois começou a andar na prancha de quatro rodas aos 8 anos. Essa experiência o ajudou a acumular títulos de campeão brasileiro nas modalidades Half-Pipe [pista em forma de U] e Park [pista em formato de piscina, com obstáculos projetados e paredes altas].
A vitória na Argentina o posiciona, até então, entre os três brasileiros classificados para as Olimpíadas de Paris 2024. A próxima fase de disputas para as vagas dos Jogos Olímpicos ocorrerá a partir de fevereiro de 2024, quando Luigi vai competir com outros 43 skatistas do mundo.
Luigi Cini faz parte da Seleção Brasileira Principal de Skatepark, da Confederação Brasileira de Skate (CBSk), que analisa o desempenho dos atletas no ciclo preparatório aos Jogos Olímpicos. Para garantir a vaga, ele treina todos os dias da semana e há um mês está nos Estados Unidos. Além das manobras e treinamentos oferecidos pelos técnicos da Seleção Brasileira, a preparação envolve exercícios funcionais, sessões de fisioterapia, a questão nutricional e mental para lidar com as pressões das competições.
“Sigo trabalhando forte com a equipe da CBSk. Durante os treinos, costumo realizar minhas manobras inúmeras vezes por dia, até ter certeza de que fiz o máximo possível. Isso é essencial para ter a certeza de que estou bem preparado na hora da competição. Estou muito feliz em representar meu país, fazendo o que amo. Tenho certeza de que o nível dos próximos campeonatos será altíssimo e estou muito animado com a etapa de Roma, em outubro”, explica Luigi Cini.
Critérios e vagas
O Comitê Olímpico Internacional permite que cada país leve apenas 12 atletas à França: três homens e três mulheres nas modalidades Street e Park. O processo de classificação é baseado no ranking olímpico de skate, composto de competições assinaladas pela World Skate, da federação internacional do esporte.
Contam para a somatória de pontos do ranking os campeonatos mundiais, as classificatórias olímpicas, “Pro Tour” e eventos categorizados como 5 ou 3 estrelas. Cada um dos cinco continentes do Movimento Olímpico tem garantido um atleta por prova.
Na modalidade Park, os próximos eventos da primeira fase serão o Mundial em Roma, na Itália, de 1º a 8 de outubro e o Pro Tour que ocorrerá em Sharjah, Emirados Árabes Unidos, de 07 a 14 de janeiro de 2024. Nos campeonatos da segunda fase, participarão os primeiros 44 do ranking com a cota máxima de seis skatistas por país.
Graças aos bons resultados já obtidos, Luigi também integra a Geração Olímpica e Paralímpica, que é o maior programa de bolsa-atleta do Brasil, realizado pelo Governo do Paraná e com o patrocínio da Copel. Ele também é patrocinado pela Drop Dead – uma das principais marcas do skate no país – e tem o apoio do Instituto de Oncologia do Paraná.
Técnica diferente e manobras raras no mundo
Outras características que distinguem e fazem o curitibano se sobressair em meio à concorrência envolvem a técnica arrojada e apurada em manobras difíceis de serem executadas. Assim, o paranaense conseguiu executar a raríssima manobra de 900º, que ele completou aos 14 anos de idade. De tão complexa, até hoje a manobra só foi realizada por 17 atletas no mundo.
Luigi tem se destacado com algumas manobras que poucos conseguem fazer no Park, principalmente as variedades de “flips”[categoria de manobras que fazem o skate girar lateralmente no seu próprio eixo].
No Brasil, ele foi o primeiro a realizar o Flip Body Varial 360 (manobra com giro no eixo do corpo) no campeonato de Park em Florianópolis, em 2020, repetindo-a em outras competições.
Skate como forma de inclusão social
Além de “mandar bem” nos torneios, o jovem também se diferencia pela preocupação com os demais. Por isso, em 2022, sua família fundou na capital paranaense a ONG Cini Skate Social; um projeto gratuito, voltado às crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.
O projeto atende cerca de 50 meninos e meninas, com idade entre 8 a 15 anos, com vários tipos de carências. Esta iniciativa proporciona lazer e utiliza o skate como ferramenta de inclusão social.
O projeto recebe crianças e adolescentes que são encaminhados através do convênio com o Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) e da Casa de Apoio Abibe Isfer. O termo de convênio com o TJPR foi assinado em 2022, com o apoio do presidente José Laurindo de Souza Netto.
Mesmo com a puxada rotina de treinos e viagens, quando se encontra em Curitiba, Luigi procura dar atenção às crianças nas terças-feiras pela manhã e em alguns sábados. Amigos skatistas ministram voluntariamente oficinas de skate para a garotada, com orientação de Vítor Simão; outro praticante do esporte e que é formado em Educação Física. Dessa forma, os participantes aprendem um novo esporte e valores importantes para o convívio em sociedade como a disciplina, o companheirismo e o respeito.
“Foi graças ao fato de Luigi andar de skate e a nossa convivência com skatistas das mais variadas situações econômicas que resolvemos fazer este trabalho social. Meu marido e eu coordenamos as ações do projeto e temos aprendido muito com as crianças e jovens”, explica Denise Cini, mãe do atleta.