Um fato no mínimo curioso foi o que instigou Lucas Yuri da Cruz, 26 anos, a escolher o tema do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). A falta de professores homens na Educação Infantil chamou atenção do aluno do 8° semestre de Pedagogia, da UNIASSELVI Itajaí.
Quando começou os estudos no nível superior, em 2020, ele ficou surpreso com o desequilíbrio encontrado:
“Eu vi aquilo e fiquei com muitas dúvidas e inquietações. Era uma sala de aula com muitas mulheres e poucos homens. O ambiente era majoritariamente feminino e eu não sabia como seria o meu ingresso na profissão”.
A turma é formada por 33 acadêmicos e apenas dois são homens. Diante disso, ele ficou curioso para saber como seria a realidade profissional em diferentes contextos. Vários pontos passaram pela cabeça do graduando, mas dois foram os principais:
“Eu tive receio com a aceitação das crianças e de um possível preconceito dos pais e responsáveis. A partir disso, conversei com o meu Tutor, Osni Marques Jr., e foi aí que começamos a introduzir a problemática no meu projeto.”
Cruz espera que por meio da pesquisa ele consiga quebrar esse tabu de estereótipos de gênero e até mesmo preconceitos. No desenvolvimento do TCC, ele identificou várias nuances decorrentes dessa realidade, com algumas que se sobressaíram, como explica o estudante:
“É complicado para um homem estar em uma profissão onde ele sabe que os olhares da instituição educacional, junto com os olhares da sociedade, e principalmente dos pais e responsáveis, estarão voltados todos para ele, e isso só pelo fato de ele ser homem. Alguns o taxam como incapaz, por não ter “instinto materno”, ou acreditam que homens não são gentis, pacientes, delicados, dedicados, ou outras coisas envolvendo fragilidade. Como se as mulheres fossem exclusivas na arte de ensinar e educar.”
Mas como ele mesmo afirma, isso não é uma verdade absoluta. Infelizmente existem pessoas assim de ambos os sexos. Logo, essa pré-avaliação não deve ser parâmetro.
Além disso, a visão de alguns pais (homens) é limitada, imaginando que só por ser um educador do gênero masculino, dentro da Educação Infantil, o profissional pode ser uma possível ameaça de abuso, já que a faixa etária da educação básica é de 0 a 5 anos de idade. A esse respeito, a pesquisa verificou o seguinte:
“Por conta desses motivos, os professores do gênero masculino preferem escolher os anos iniciais ou finais, já que neles a criança consegue se expressar e conversar sobre as coisas que acontecem na escola”.
A temática abordada, referente aos desafios encontrados na trajetória da docência do gênero masculino na Educação Infantil, recebeu nota 9,9 da banca avaliadora.
Por Redação UNIASSELVI