*Por Ana Paula Debiazi, CEO da Leonora Ventures
Quando falamos de inovação remetemos às empresas privadas, às tecnologias e ao investimento. Mas inovar é fazer algo de forma diferente, de forma nova, reduzindo custos e gargalos operacionais, e aumentando a eficiência da equipe, focando naquilo que realmente importa!
Vez ou outra eu vejo notícias falando que determinada prefeitura está criando ou patrocinando a criação de um centro de inovação, e meses depois estes centros se tornarem um prédio comercial de aluguel de salas para empresas montarem suas salas coloridas e startups terem seus espaços para trabalhar, além de alguns restaurantes ou cafés para abastecerem seu público transitante.
Mas o que realmente este centro de inovação está gerando de melhorias para o município, para seus cidadãos, para as empresas locais? Como esta prefeitura está fomentando, através deste centro, a criação de empregos e renda, e devolvendo em serviços para os cidadãos os impostos pagos por eles. Te respondo, muito pouco ou quase nada.
Também temos visto várias empresas prestando serviços de consultoria de inovação aos municípios, e milhares, e às vezes até milhões, de reais são destinados a estas consultorias, que no fim apenas entregam um relatório de diagnóstico dos problemas. Nós queremos a solução e a operacionalização da solução. Dinheiro que poderia estar sendo revertido em prol da população, sendo gastos em relatórios que ficarão nas gavetas, pois os servidores, em sua grande maioria, não estão aptos, e nem possuem conhecimento necessário, para mudar da noite para o dia, sozinhos.
Outro ponto relevante para os órgãos públicos adotarem a inovação e fomentar a mesma no município, é através do marco legal das startups e do empreendedorismo inovador, vigente desde junho de 2021, pela lei complementar 182, que tem como objetivo o nascimento e crescimento de mais startups no país, trazendo algumas vantagens como ser fornecedor dos órgãos públicos, através de uma modalidade especial de licitação.
Nesse novo modelo, o governo pode contratar soluções experimentais em caráter de teste por até 12 meses, com contratos prorrogáveis por mais 12 meses. São os chamados de Contrato Público para Solução inovadora (CPSI) e têm teto de R$ 1,6 milhão.
Caso as soluções sejam efetivas, elas podem ser contratadas posteriormente em um contrato com vigência de 24 meses prorrogáveis para mais 24, sem a necessidade de lançar um novo edital.
Nossos órgãos públicos precisam aderir de vez à inovação para beneficiar a população. A inovação está presente em todos os setores que são de responsabilidade do governo para com a população, como saúde, educação, moradia, segurança, alimentação e outros mais.
Na educação temos diversos desafios como o novo Ensino Médio, a reforma da BNCC, a inclusão dos alunos com algum tipo de deficiência, seja física seja cognitiva, e todas elas podem ser resolvidas com uma inovação e tecnologia.
Educação financeira, robótica, auxílio aos alunos com deficiência, para tudo há uma metodologia nascida de uma inovação tecnológica para ajudar professores e alunos.
Na saúde, desde os problemas com filas de espera, cadastros, gerenciamento de prontuário, localização de imobilizados e até médicos, tele atendimento, sem falar nos diagnósticos mais precisos e a biomedicina evolutiva, são resolvidos com inovação e tecnologia.
A gestão pública pode e deve ser mais eficiente para atender às necessidades da população. Os investimentos públicos nesta área devem ser direcionados ao desenvolvimento econômico, à geração de emprego e renda. Mas como fazer isso? Usando de metodologias que tem por objetivo fomentar os setores da sociedade civil, empresas e corporações da região, governo e institutos de ensino. Fomentando todas essas áreas, conseguimos potencializar os resultados das práticas de inovação desenvolvidas, e assim, criar um ecossistema propício para o desenvolvimento e crescimento de startups na cidade.
O município deve se tornar um Living Lab, um Laboratório de Inovação vivo, transformando toda a cidade em um habitat de testagem e prototipagem de soluções para aquele local. Ele deve se unir às empresas locais, entendendo seus problemas e necessidades, desde mão de obra até tecnologias, e junto com as universidades e escolas locais trabalhar para o desenvolvimento de pessoas, para a criação e testagem de tecnologias direcionadas à sua economia local.
Os centros de inovação devem atender à comunidade local com laboratórios de robótica para que seus alunos possam usar, devem fomentar a integração entre as empresas e as tecnologias desenvolvidas naquele local.
Os problemas que os municípios enfrentam relacionados desde à gestão, sejam processos ou rotinas, passando pelas entregas que devem ser feitas à população, devem ser fomentados pela inovação, estar alocada no município, para que seja convertida em pagamento dos tributos, para que os empregos sejam gerados, tudo isso girando a roda da economia, com pessoas trabalhando, consumindo, empregos gerados, tributos pagos, e o atendimento à população.
*Ana Debiazi, é CEO da Leonora Ventures, uma corporate venture builder catarinense que tem a missão de impulsionar o crescimento de startups que atuam com tecnologias inovadoras no setor de varejo, logística e educação.