Professora do UniCuritiba fala sobre a doença que deixou o Paraná em alerta após surto registrado no interior de São Paulo
O surto de febre maculosa no interior de São Paulo deixou o Paraná em alerta. Neste ano, um caso foi confirmado em Foz do Iguaçu e outras 43 notificações suspeitas estão em investigação. Na última década, de acordo com o Ministério da Saúde, o estado registrou três mortes, duas delas no ano passado, em Ribeirão Claro.
Em Curitiba não há registro da doença até o momento e o trabalho de prevenção na capital prevê o monitoramento de diferentes grupos de capivaras – espécie envolvida no ciclo de transmissão da doença.
Doutora em Ciência Animal, Fernanda Bortolotto diz que a febre maculosa é causada por uma bactéria transmitida pela picada do carrapato-estrela, mais comumente encontrado em animais de grande porte criados no campo, como equinos e bovinos, e espécies silvestres, como mamíferos roedores (capivaras) e marsupiais (gambás).
“Por contribuírem no ciclo de transmissão da febre maculosa é que as capivaras passaram a ser monitoradas em Curitiba pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente”, explica a professora do curso de Medicina Veterinária do UniCuritiba – instituição que integra a Ânima Educação, um dos maiores ecossistemas de ensino superior privado do país.
Ainda que o monitoramento seja importante, a especialista reafirma que não há registro da doença em Curitiba e tranquiliza a população: “A disseminação da febre maculosa por carrapatos que eventualmente surjam em animais domésticos, como os cães, é extremamente rara.”
Transmissão e sintomas
A febre maculosa é uma doença infecciosa, que varia de formas clínicas leves a graves, com risco de morte. Causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, é transmitida pela picada do carrapato-estrela.
Os sintomas são febre alta e súbita, dor de cabeça intensa, vômito, diarreia, manchas na pele e dores abdominais, musculares ou articulares, podendo apresentar também sintomatologia nervosa e alguns tipos de paralisia.
As complicações vão de insuficiência renal e respiratória a hemorragias, miocardite, hipotensão e choque. Os sintomas surgem, em média, sete dias após a picada do carrapato. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores as chances de cura.
O tratamento da febre maculosa consiste no uso de antibióticos e, segundo a professora Fernanda Bortolotto, é uma doença potencialmente grave. Por isso, exige atenção.
Fatores de risco e prevenção
A incidência da febre maculosa é mais comum em quem vive em áreas rurais infestadas por carrapatos ou atua no manejo de bois e cavalos. A prevenção requer o monitoramento dos animais e o controle de carrapatos.
Ao passar por locais como pastos e margens de rios, córregos e lagos, a orientação é vistoriar o corpo com frequência durante o dia. Nestes ambientes, o ideal é usar sempre roupas compridas e botas.
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