Bioinsumos é a nova aposta dos agronegócios

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Uso de material orgânico aumenta biodisponibilidade de nutrientes no solo e diminui dependência do agricultor nacional por insumos importados

O Brasil é uma potência no que diz respeito à produção agrícola. Os números provam: segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, a FAO, o país é o segundo maior exportador de grãos do mundo e o primeiro quando se trata de soja. Desta, é também o maior produtor do mundo. Além disso, segue batendo recordes na produção de açúcar e café.

 

Foram mais de 130 milhões de toneladas de soja produzidas no ano de 2021, o que totaliza um terço de toda a produção global. Quanto ao milho, o Brasil é o terceiro maior produtor, com cerca de 105 milhões de toneladas. Todo esse volume de produção só é possível, no entanto, com um largo uso de fertilizantes, geralmente importados, o que torna toda a cadeia produtiva muito dependente de produtos externos.

 

Em momentos de crise, as dificuldades na aquisição deste insumo só aumentam. A guerra entre Ucrânia e Rússia é um exemplo, pois o país asiático é um dos maiores parceiros comerciais quando o assunto são fertilizantes. É da Rússia que advém mais de 85% do fertilizante utilizado na agricultura nacional. Em razão das complicações que surgiram deste cenário adverso, voltaram-se os olhos para alternativas encontradas aqui mesmo.

 

Uma das mais promissoras é a utilização dos chamados bioinsumos. Feitos a partir de recursos como microrganismos, entre outros recursos orgânicos, os bioinsumos servem tanto como fertilizantes naturais como defensivos agrícolas contra pragas e doenças. A grande vantagem dos bioinsumos fica por conta de sua larga disponibilidade natural, além da baixa toxicidade, por se tratar de um produto natural.

 

Disso resulta uma atividade agrícola muito mais sustentável, por meio de um uso mais ecológico do solo e também pela produção de alimentos sem agrotóxicos. O uso dos bioinsumos teve como precursora a bióloga Johanna Döbereiner, nascida na antiga Tchecoslováquia, mas radicada no Brasil, onde fez seu mais importante estudo sobre o uso de bactérias no solo, revolucionando a agricultura então pautada em químicos.

 

Assim como Johanna Döbereiner, Ana Maria Primavesi, nascida na Áustria, mas também radicada no Brasil, deixou um grande legado no que diz respeito ao manejo ecológico do solo. Tida como precursora da agroecologia no país, deve-se a ela a importância dada ao alimento orgânico, hoje encontrado nas prateleiras dos mais diversos mercados.

 

Apesar do crescimento vertiginoso das pesquisas com bioinsumos, foi somente em 2020 que o governo brasileiro criou um Programa Nacional de Bioinsumos. A iniciativa busca um fortalecimento na cadeia produtiva, investimentos na pesquisa, desenvolvimentos de tecnologias, além da melhoria na qualidade da vida no campo, através da melhoria na renda das populações locais.

 

Um solo biologicamente equilibrado é um solo vivo, e somente o uso de produtos orgânicos é capaz de garantir uma produção ecologicamente sustentável. O que se prova é que isso é possível garantindo ou até mesmo melhorando a produtividade. Bactérias, fungos e protozoários são, portanto, amigos do agricultor, embora ele não possa dispensar a utilização de maquinário, como, por exemplo, colheitadeiras, compressor de ar, entre outros.