Por José Claudinei Messias, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários da Zona Sorocabana
O perigo que ronda as ferrovias da Baixada Santista não é uma novidade: há tempos, o Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários da Zona Sorocabana alerta sobre os riscos que desafiam quem utiliza os trens da região. Porém, somos sumariamente ignorados pelo Governo do Estado de São Paulo. Como resultado da ausência do poder público, composições que transportavam soja, entre outros produtos, foram saqueadas a caminho da região portuária.
A insegurança no serviço gerido pela Rumo, trazido à tona pela edição de 9 de abril do Fantástico, programa da Rede Globo, é bem conhecida pelas autoridades. E assaltos, como o ocorrido, muitas vezes violentos, estão se tornando recorrentes, colocando em risco não apenas a segurança dos ferroviários, mas também o sucesso da cadeia produtiva, tendo em vista que o agronegócio é um importante pilar da economia nacional.
Muitos maquinistas já pensaram em desistir – alguns até desistiram – da profissão por receio de serem atacados e não voltar para casa. O medo toma conta dos trabalhadores e de suas famílias e não há nenhum respaldo governamental em relação a isso. Devemos lembrar que os maquinistas trabalham sozinhos em suas viagens, transportando produtos que garantem o abastecimento e a segurança alimentar brasileira e mundial – mas ninguém zela por eles.
Mais do que a segurança, que é um problema que o Estado, as empresas precisam pensar, também, no apoio psicológico a esses funcionários depois de passar por episódios traumatizantes como esses. É claro que as cobranças para soluções práticas para tentar ao menos evitar casos de violência continuarão sendo feitas pelo sindicado. Continuamos acompanhando de perto o que está acontecendo.
E não apenas no que acontece na Baixada Santista: também estamos de olho nos problemas de segurança que afetam as linhas de transporte de passageiros que atendem cidades da Grande São Paulo. Já acionamos as empresas responsáveis e, se necessário, vamos atuar junto ao Ministério Público para garantir que nossa categoria trabalhe com segurança e respeito. Seguimos juntos, pois juntos somos sempre mais fortes.