98% dos brasileiros se sentem cansados e com a qualidade de vida prejudicada
Em algum momento da vida, é comum sentir cansaço mental, mas, quando se torna recorrente, é preciso acender o alerta e prestar atenção. A frequente exaustão, que não passa após o descanso, pode sinalizar esgotamento. O mundo hiperconectado, o ritmo acelerado, milhares de atividades, a tentativa de conciliar os desafios da vida profissional e pessoal são fatores que representam um passaporte para o estresse.
A pandemia de Covid-19, as incertezas sobre o futuro e o uso excessivo da tecnologia contribuíram para agravar a situação. O cérebro bombardeado, sobrecarregado por estímulos e preocupações, se sente no limite, como em uma maratona ininterrupta. A situação desencadeia esgotamento mental, físico e emocional.
Recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), encomendada pelo Grupo Sanofi, apontou que 98% dos brasileiros se sentem cansados e 61% se sentem exaustos com a qualidade de vida prejudicada pela fadiga constante. Os principais atingidos são mulheres e jovens de 20 a 29 anos.
Retrocesso civilizatório
“Por falta de repouso, nossa civilização caminha para a barbárie.” A reflexão do filósofo Friedrich Nietzsche se mantém atual e sintetiza a engrenagem social. Byung-Chul Han, autor de Sociedade do Cansaço, corrobora com o pensamento e considera o excesso de atividades simultâneas um retrocesso civilizatório. “Um animal ocupado em mastigar a presa deve tomar cuidado para que, ao comer, ele próprio não acabe comido”, afirma como metáfora.
O caminho para encontrar o equilíbrio entre a vigilância e o repouso é individual, mas, quando o cansaço passa a ser um problema cotidiano, é hora de procurar ajuda profissional. Algumas alterações de hábitos auxiliam nesta jornada, que envolve a mudança de paradigmas, autoconhecimento e determinação. Confira dicas de como começar essa transformação a partir de agora.
Faça check-up
Exames de rotina como dosagem hormonal, eletrocardiograma, hemograma e glicemia ajudam a traçar um panorama do organismo. Com base nessas informações, o tratamento pode ser mais direcionado e individual. Faça um check-up, no mínimo, anualmente e sempre que sentir que algo foge à normalidade, como dificuldade para dormir, fadiga, alteração no apetite e palpitações. Cansaço e ansiedade muitas vezes andam de mãos dadas; o excesso desequilibra o cortisol, conhecido popularmente como hormônio do estresse.
Desconecte-se
O relacionamento nocivo com a tecnologia interfere na saúde integral. Passar várias horas por dia nos jogos, aplicativos e nas mídias sociais contribui para o aumento de estresse, ansiedade, angústia e insônia. Além da dificuldade de concentração e perda do foco, a pessoa pode desenvolver dependência.
Os avanços tecnológicos são importantes, mas o uso desmedido e a necessidade de estar 24 horas conectado traz graves consequências para a mente. É importante fazer um detox digital, estabelecer limites e buscar atividades analógicas que associam bem-estar e prazer: jantar fora, caminhar no parque, meditar, ir ao cinema, ler ou dançar. Encontre afazeres que possibilitem novas experiências e a reconexão com a própria essência.
Hábitos saudáveis
Alimentação de qualidade, hidratação, dormir bem e praticar atividades físicas são pilares de uma vida saudável. Evite alimentos gordurosos, embutidos e ultraprocessados. Prefira uma dieta rica em fibras, vitaminas, proteínas magras, frutas, legumes e oleaginosas. Escolha carboidratos complexos, como os grãos integrais. A maca peruana é uma ótima opção de suplemento nutricional, com vários benefícios: auxilia na redução da ansiedade, aumenta a concentração, e a fertilidade.
Beber água no decorrer do dia, por volta de 2 litros, e evitar ingerir cafeína à noite também é importante. Para dormir melhor, faça uma higiene do sono, tome um chá relaxante, crie o ritual de ir para a cama no mesmo horário. Desligue a TV e resista à tentação de mexer no celular. A luz azul-violeta emitida pelos aparelhos embaralha o relógio biológico e prejudica a produção de melatonina, hormônio que regula o sono.
Cultive o bom humor
O humorista Paulo Gustavo disse sabiamente que “rir é um ato de resistência” – de fato, é, em múltiplos sentidos. Mas, com os desafios do dia a dia, manter o bom humor pode parecer uma batalha árdua. Terapia, ioga e meditação são alternativas para a manutenção do alto-astral, auxiliando no equilíbrio e na integração de corpo, mente e emoções.
Buscar manter o bom humor é como investir na poupança do viver bem. Alivia o cansaço e estimula a produção de hormônios ligados à felicidade. Cuidar da qualidade dos pensamentos é uma forma de desintoxicação, semelhante ao que o Pequeno Príncipe fazia todas as manhãs, ao arrancar as sementes que poderiam destruir seu planeta.
