Tragédias em museus apontam para novo marco regulatório na proteção contra incêndios, diz especialista

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O incêndio que devastou o Museu Nacional (RJ) completou quatro anos na última sexta-feira (2). A tragédia ampliou os debates e a necessidade de um avanço na proteção contra incêndios em edificações de patrimônio cultural no Brasil. É o que avalia Marcelo Lima, diretor-geral do Instituto Sprinkler Brasil. Segundo o especialista, era impensável há cinco anos que grandes instalações atualizassem seus sistemas e incluíssem o uso de sprinklers, por exemplo. Os projetos de reinauguração do Museu do Ipiranga (SP) e de reconstrução do Museu Nacional trazem atualizações em seus sistemas de segurança, passando a utilizar sprinklers, como também o Museu da Língua Portuguesa, o MIS (RJ) e a expansão do Masp.

 

“Sempre houve uma grande reação dos gestores de edificações de interesse cultural ao uso de sprinklers. Essa atitude talvez se devesse ao desconhecimento sobre o funcionamento dos sprinklers e ao medo de eventuais danos que poderiam ser causados pela água. Depois da devastação causada pelo fogo no Museu Nacional no Rio de Janeiro, ficou claro que nossos museus estavam claramente desprotegidos contra incêndios. O Brasil está começando a se tornar um exemplo mundial na proteção de museus”, diz o especialista.

 

Mas esses casos não foram os únicos. Nos últimos anos incêndios atingiram o Museu da Língua Portuguesa, em 2015, e a sede e galpão da Cinemateca Brasileira (2016 e 2021, respectivamente).

 

 

 

Prevenção

 

Fechado para reformas estruturais desde 2013, o Museu do Ipiranga reabriu as portas ao público em 8 de setembro. O novo projeto traz atualização no sistema de segurança contra incêndio, contando agora com sprinklers. Os chuveiros automáticos do museu dispõem da tecnologia de “pré-ação”, evitando o acionamento em alarmes falsos, além de sistema de detecção de fumaça com a técnica de aspiração, que faz a detecção muito precoce pela sucção do ar para identificar partículas de resíduos queimados que podem prenunciar um incêndio.

Já a parte elétrica foi totalmente reformada e envolvida em proteção térmica com manta de cerâmica – material isolante que impede a propagação do fogo.

 

Os sistemas hidráulico e de captação pluvial também foram modernizados para evitar qualquer contato com a rede elétrica. Todo o sistema de proteção contra incêndio é integrado a um sistema de gerenciamento do edifício, garantindo monitoramento constante e respostas rápidas.

 

“Foi necessário que uma série de incêndios recentes em museus desencadeassem esse movimento. Felizmente o Museu do Ipiranga conta com uma proteção robusta para prevenir esses acidentes. O importante agora é um esforço para atualizar a legislação e contemplar as particularidades das edificações nos requisitos mínimos para a proteção”, explica Lima.

 

Reconstrução

 

Com 85% do acervo de patrimônio e pesquisa destruído, o Museu Nacional tornou-se um alerta permanente para a proteção desses espaços. As obras de restauração – Iniciadas em 2021 e previstas para serem concluídas em 2026 – incluem sistema de proteção contra incêndios com sprinklers e sensores em toda a estrutura do prédio.

 

Em São Paulo, o Museu da Língua Portuguesa foi destruído por um incêndio em 2015. Passou por grandes reformas e foi reinaugurado em 2021 com um sistema completo de sprinklers, que se tornaram parte principal do sistema contra incêndios da instituição.

 

“A função do sprinkler é apagar ou controlar as chamas nos primeiros minutos. Edifícios patrimoniais, por mais que tenham construções antigas, com uso de madeira ou o pé-direito muito alto, precisam desse tipo de equipamento para garantir uma resposta rápida e a mitigação de eventuais danos”, afirma Marcelo Lima.

 

 

Sobre o ISB (Instituto Sprinkler Brasil) 

O Instituto Sprinkler Brasil (ISB) é uma organização sem fins lucrativos que tem como missão difundir o uso de sprinklers – também conhecidos como chuveiros automáticos – nos sistemas de prevenção e combate a incêndios em instalações industriais e comerciais no País. Fundado em 2011, o ISB defende o uso desta tecnologia como a medida mais eficaz de evitar perdas humanas e materiais.

 

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