Agência Adventista tem realizado ações de incentivo à prática da amamentação em todo Brasil
O Dia Mundial da amamentação, celebrado na última segunda-feira (01), tem a finalidade de promover o aleitamento materno e a criação de bancos de leite, garantindo, assim, melhor qualidade de vida para crianças em todo o mundo. A data é comemorada dentro da do mês que simboliza a luta pelo incentivo à amamentação.
Conhecido como alimento mais completo para os bebês, o leite materno além de saciar a fome, contribui para a melhora nutricional, diminui a probabilidade de obesidade, diabete e hipertensão. Atua também na redução de riscos de infecções e alergias, além de provocar um efeito positivo na inteligência e no vínculo entre mãe e bebê.
O leite materno é abundante em anticorpos, que são fundamentais para a saúde e a resistência do bebê a doenças. Por isso é de extrema importância que a criança o receba como única fonte de alimento até os seis meses de idade. Especialistas, no entanto, orientam que ele deve ser mantido até os dois anos ou mais. Ou seja, não há limite de idade para a amamentação.
No Brasil, no entanto, esse direito não tem sido garantido para todas as crianças. Menos da metade delas (45,7%) recebe amamentação exclusiva até os 6 meses, como recomendado pelas autoridades de saúde. Além disso, 10% das crianças menores de 5 anos já estão em sobrepeso e 18,3% em risco de adquirir este problema. Os dados são do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI), de 2019.
Com intuito de incentivar a amamentação e oferecer orientação sobre o tema, a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA), em todos seus núcleos no Brasil, oferece projetos que atendem mulheres grávidas e lactantes.
Um destes projetos é o Conexão Materna, que acontece no extremo sul da Bahia, na cidade Eunápolis. Por lá, cerca de 20 mulheres e alguns dos maridos participam das ações e recebem treinamentos.
A coordenadora da ação, Maíra Simões, destaca que um dos principais objetivos do projeto é trabalhar a conscientização da amamentação nos primeiros momentos do nascimento. “Reunimos diversos profissionais que abordam esses temas com as gestantes e lactantes. É de extrema importância que as mães entendam a importância da amamentação nos primeiros 3 anos de vida”, frisa.
Maíra ainda salienta que nos dias 13 e 20 de agosto, palestras darão continuidade ao mês do agosto dourado. Na ocasião, serão agregadas gestantes e mulheres que já tiveram seus filhos. Um curso sobre questões importantes referente ao parto também será disponibilizado as participantes.
Todas essas atividades são realizadas de forma lúdica e com muita interação, propiciando um aprendizado completo e humanizado.
A consultora em Aleitamento Materno, Queila Assis, será uma das palestrantes no projeto Conexão Materna e para ela, amamentar vai muito além de nutrir uma criança, pois envolve todo um processo que conecta mães e bebês. Veja a entrevista completa.
Repórter ADRA – Além de beneficiar o bebê, a amamentação infantil também é uma questão importante para a saúde da mulher?
Queila Assis – Sim, a amamentação é muito importante para saúde da mulher. Se a mãe tem a oportunidade de amamentar nos primeiros minutos de vida do seu bebê e se ela teve um parto vaginal, por exemplo; os estímulos obtidos por meio da sucção do bebê vão contribuir para que ela consiga expulsar a placenta com mais facilidade.
Além de contribuir para reduzir o risco de uma hemorragia pós-parto, auxiliar na recuperação útero, e se essa amamentação for prolongada pode até mesmo contribuir na perda de peso, ajudando para que ela recupere com mais facilidade o peso que tinha antes da gestação.
Existem também inúmeras evidências cientificas de que a amamentação ajuda a reduzir o risco de câncer de mama, ovário, endométrio. Previne também osteoporose e protege o organismo da mulher contra doenças cardiovasculares e infarto.
Repórter ADRA – Por que é importante oferecer um curso específico para as gestantes sobre amamentação?
Queila Assis – Apesar de nós vivermos em um país que é referência mundial em aleitamento materno, o índice de mães que conseguem uma amamentação exclusiva e prolongada é muito tímida. Sem contar que amamentar não é uma tarefa tão fácil e simples. Existem muitos mecanismos e fatores que interferem e influenciam para que essa amamentação tenha sucesso. Uma educação perinatal, curso preparatório para gestantes sobre amamentação se torna indispensável, uma vez que essa mãe precisa ter conhecimento e precisa adquirir técnicas e desenvolver habilidades para que consiga amamentar de fato e tenha resultados positivos.
Repórter ADRA – Quais são os desafios enfrentados pela mulher puérpera quando começa a amamentar?
Queila Assis – Os desafios da puérpera são muitos, ela já se depara com eles ali na primeira mamada. O bebê não nasce sabendo mamar, então a mãe precisa ter conhecimentos para prover os recursos necessários para que a criança faça uma boa pega, para que ele se acople de forma adequada e assim consiga extrair o leita da mama.
Se ela não souber conduzir a mamada da maneira correta, ela começa a ter prejuízos desde o primeiro momento; como o de sentir dores ao amamentar, as fissuras mamilares, e todos essas intercorrências acabam desmotivando a mãe continuar com a amamentação e o risco do desmame já se inicia nos primeiros dias de amamentação.
Repórter ADRA – O apoio psicológico também é importante para as mulheres gestantes e que irão iniciar a amamentação em breve?
Queila Assis – O apoio psicológico é indispensável para as futuras mamães, porque vivemos em uma cultura pouco fundamentada na amamentação de peito, existem muitos mitos, por isso desfazer esses mitos, empoderar essas gestantes e enchê-la de conhecimento fará toda diferença para que ela acredite em seu potencial, e acredite na amamentação e isso fará toda diferença na sua experiencia materna.
Repórter ADRA – Além de ajudar no desenvolvimento saudável do bebê, quais os benefícios da amamentação para a relação mãe e filho?
Queila Assis – Amamentar vai muito além de simplesmente nutrir uma criança. Existe todo um processo envolvido no ato de amamentar, pois, promove uma profunda interação entre mãe e bebê, como por exemplo; o toque, o contato pele a pele, o cheirinho, o contato olho no olho, a sucção do bebê que promove a liberação da oxitocina o hormônio do amor, faz com que mãe e o filho se apaixonem desde esse primeiro contato.
Amamentar produz uma sensação de bem-estar, reduz a ansiedade, ajuda na redução dos batimentos cardíacos. Amamentação é completamente terapêutico e tem um poder de estreitar e fortalecer a relação, é realmente um grande presente do Criador.