A prática melhora a qualidade de vida, com influências emocionais, cognitivas e corporais
É tudo para ontem, no título da música cantada por Emicida e Gilberto Gil e no caos cotidiano. O peso de uma sociedade bombardeada por informações, conectada nas redes e desconectada do presente, afeta a saúde mental, inclusive das crianças. Na pandemia, a situação se agravou, e aumentou o estresse emocional. O estudo realizado pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) apontou um dado alarmante: 36% de crianças e adolescentes, de 5 a 17 anos, apresentaram sintomas de depressão e ansiedade.
A meditação é uma via alternativa para ajudar na solução, com benefícios independentemente da idade. Na cultura ocidental, acostumada a associar crianças a excesso de energia, como se estivessem sempre ligadas em 220 volts, a meditação pode parecer um conceito abstrato. A realidade manifesta o contrário, pois os resultados são comprovados, e a técnica milenar já integra o currículo de escolas no Brasil e no mundo.
O que é meditação?
Um dos principais entraves à meditação é o preconceito da prática ser difícil. Muitas pessoas pensam que meditar é esvaziar a mente. A única forma de silenciar os pensamentos é não estar vivo. Se a mente está repleta, a meditação convida a observar o cheio.
É um exercício de atenção plena, de consciência do momento presente. Trabalha o foco, o estar aqui e agora. A prática promove autoconhecimento e expande a consciência. Relaxa e educa a mente para lidar melhor com as emoções. Ao observar-se de dentro para fora, o indivíduo promove transformações substanciais na vida.
Como introduzir a meditação infantil
A meditação é um aprendizado contínuo que exige treino. Na infância, precisa ser introduzida de forma criativa. As sessões inicialmente devem ser curtas, ampliando o tempo gradativamente. É importante estimular a imaginação. Utilizar recursos lúdicos como música e contação de histórias ajuda a aproximar do universo infantil.
Cada pessoa tem seu ritmo, e a criança não deve ser pressionada a se concentrar. O estresse já existe na rotina, e o objetivo da prática é promover plenitude emocional e mental. No livro Meditação para Crianças, Deborah Rozman elenca três regras fundamentais: “A primeira delas é que a criança não deve se sentir obrigada a praticá-la. A segunda é que o baixinho deve meditar por pouco tempo, alguns minutos apenas. As crianças se distraem muito. A terceira dica é que toda meditação deve seguir uma orientação de adultos, pelo menos no início”.
Benefícios
A técnica melhora a qualidade de vida da criança, com influências emocionais, cognitivas e corporais. A lista de benefícios é extensa e se reflete no todo. Aumenta a concentração, a memorização, e amplia a percepção. Provoca melhora da autoestima, da confiança e a redução de fobias. Promove bem-estar psicológico e mais equilíbrio para lidar com emoções conflitantes. Estimula a plasticidade do cérebro e a criatividade. Traz a sensação de paz e colabora na formação de seres humanos mais conscientes, com relacionamentos mais saudáveis.
Técnicas para guiar a meditação
As crianças são muito sensoriais, e a meditação pode começar com a observação de formas das nuvens ou gotas da chuva nas plantas. Com uma meditação ativa em um parque, para a prática ser mais confortável, é recomendado o uso de tênis infantil feminino ou masculino.
Exercícios de relaxamento com música, visualização criativa, tai chi, mindfulness e yoga também podem ser alinhados à realidade infantil. O mindfulness foca na consciência do presente e nas sensações da respiração, e a escuta dos batimentos cardíacos é uma boa prática. As posturas de yoga, com referência a nomes de animais, podem ser estimuladas de forma lúdica pela imitação dos sons.