As refeições estão pesando no bolso dos brasileiros e comprometendo mais de 65% da renda dos trabalhadores curitibanos. Em abril, segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, os itens básicos tiveram aumento em todas as capitais pesquisadas pelo Dieese.
Em Curitiba, a alta entre março e abril foi de 5,37%. Desde janeiro, o aumento de preços na capital do Paraná soma 17,63% e, no acumulado de 12 meses, 26,67%. O percentual é bem superior à inflação.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 11,3% em um ano. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) registrou variação de 3,42% desde janeiro e 11,73% em 12 meses.
Entre os campeões na escalada de preços no período de um ano estão o tomate (131,74%), café (105,25%), açúcar refinado (59,85%), batata (54,27%) e farinha de trigo (47,07%). A banana, o leite integral e o pão francês tiveram aumentos superiores a 20%.
Segurança alimentar
O valor encontrado pelos paranaenses nas gôndolas dos supermercados não compromete apenas o orçamento doméstico, mas também afeta a segurança alimentar. Mestre em Alimentação e Nutrição, Jhonathan Andrade diz que fazer substituições de alimentos quando há alta excessiva de preços é a primeira medida adotada pelos consumidores para equilibrar as finanças, mas é preciso atenção.
“A alimentação deve ser rica em frutas, vegetais, proteínas, leites, derivados e cereais integrais em qualidade e na quantidade indicadas para cada indivíduo. Uma sugestão é comprar os produtos da estação, que ficam mais em conta com em função do aumento da oferta”, ensina o nutricionista e professor do UniCuritiba – instituição que faz parte da Ânima Educação, uma das principais organizações de ensino superior do país.
Produtos da estação
Outra dica do doutorando em Ciência e Tecnologia de Alimentos é substituir a carne por ovos em diferentes preparações, evitando as frituras. As proteínas de origem vegetal como lentilha, ervilha, grão de bico, feijões (cavalo, fradinho, carioca, branco) ou cogumelos (Shiitake, Shimeji, Funghi) também são bem-vindas.
“A nutrição é importante para o desenvolvimento, crescimento e saúde das pessoas em todas as fases da vida. A alta nos preços, da forma que estamos vendo, envolve questões de Segurança Alimentar e Nutricional e nos força a discutir alternativas alimentares acessíveis e de qualidade a todos”, comenta.
Equilíbrio nutricional
Segundo o professor de Nutrição, Jhonathan Andrade, a alimentação inadequada pode levar à obesidade e causar doenças como a síndrome metabólica. Por isso, é importante manter o equilíbrio.
“Nenhum alimento sozinho é causador de doenças. A questão está na quantidade, qualidade dos alimentos e nos hábitos de vida. O que não se pode é substituir a boa alimentação por uma dieta baseada apenas em alimentos industrializados e ricos em gorduras saturadas, como biscoitos recheados, sorvete, snacks de milho”, orienta.
Alimentos ultraprocessados, industrializados, gordurosos, embutidos, enlatados, refrigerantes, bebidas alcóolicas e produtos com excesso de açúcar refinado estão na lista de itens que merecem atenção dos consumidores. “O ideal é buscar a alimentação natural, a chamada ‘comida de verdade’, fazendo sempre uma boa pesquisa de preços antes de fazer as compras. Valorizar os produtores regionais e as feiras nos bairros também é uma boa ideia.”