Levantamento do Observatório de Oncologia mostra estagnação no combate ao câncer do colo do útero no Brasil

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O câncer do colo do útero representa um problema de saúde pública no Brasil. Trata-se da primeira causa de óbito por câncer feminino na região Norte do país e a segunda no Nordeste, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer. Entre 2010 e 2018, o estado do Amazonas liderou esse ranking, porém em 2019 houve uma mudança neste cenário: Roraima passou a liderar a taxa de mortalidade com 14,1 óbitos a cada 100.000 mulheres.

 

Um estudo do Observatório de Oncologia avaliou os dados de mortalidade pela doença e constatou que, mesmo com a vacinação contra o HPV e os exames de rastreamento, o Brasil pouco tem avançado no combate às mortes por câncer do colo do útero.

 

Ao comparar os dados de 2018 e 2019, a pesquisa verificou que cinco estados brasileiros registraram aumento e apenas quatro estados apresentaram diminuição no número de óbitos pela doença no período. Roraima foi o estado que registrou maior aumento (54%) seguido por Sergipe (28%), Rondônia (20%), Piauí (18%) e Bahia (11%), enquanto Paraná (-11%), Mato Grosso do Sul (-13%), Amapá (-14%) e Distrito Federal (-18%) tiveram queda.

 

A maioria dos estados brasileiros teve estabilidade no número de óbitos por câncer do colo do útero. É importante ressaltar que esse tipo de tumor é de fácil prevenção e detecção, e as mortes por essa causa, ainda que em estabilidade, geram um alerta para melhorar os pilares de vacinação, rastreamento e tratamento, que são essenciais para acelerar a eliminação do câncer do colo do útero, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.

 

Apesar de ser uma doença evitável, tratável e com vacina disponível na rede pública de saúde, a meta estabelecida pelo Ministério da Saúde de vacinar 80% da população está abaixo do desejado no Brasil. Segundo dados compilados pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), em 2020, a primeira dose da vacina HPV foi aplicada em cerca de 70% das meninas e em pouco mais de 40% dos meninos. Na segunda dose, os índices foram mais baixos: aproximadamente 40% e 30%. Com os dados do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), nota-se que 2021 registrou o menor número de aplicações até o momento: 2.092.499 doses em meninas de 9 a 14 anos.

 

Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, estima-se que 81,3% das mulheres da faixa etária alvo do programa realizaram o exame preventivo há menos de três anos da data da entrevista, porém com diferenças regionais. As Regiões Sul (84,8%) e Sudeste (84,1%) apresentaram percentuais acima da média nacional, enquanto as Regiões Norte (79,0%), Centro-Oeste (78,8%) e Nordeste (76,4%) situaram-se abaixo dessa média (IBGE, 2021). A partir de informações do Sistema de Informação do Câncer (SISCAN), a menor proporção de mulheres que referem ter realizado exame preventivo encontra-se no Amapá (73,7%), enquanto Espírito Santo (90,2%) apresentou o melhor índice.

 

Em cinco anos, poucas mudanças

Há cinco anos, outro levantamento realizado pelo Observatório já mostrava a relação da baixa imunização e a falta de exames de rastreamento com o número elevado de casos de câncer do colo do útero.

 

A pesquisa, que utilizava dados do Ministério da Saúde de 2014, mostrava que a maior taxa de mortalidade nesse câncer era encontrada no Amazonas. A menor porção de mulheres que realizavam exame Papanicolau se encontrava nos estados de Alagoas (53,8%) e na Paraíba (64,2%).

 

Os estudos podem ser acessados em https://observatoriodeoncologia.com.br