14/01/22 11h27
SindusconSP
O SindusCon-SP e o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre) estimam que o PIB da construção deva crescer cerca de 2% em 2022, na comparação com 2021. O resultado seria alavancado pelo desempenho das construtoras, que deverão registrar uma expansão de cerca de 4% no valor agregado.
A previsão é de crescimentos de 4,5% no segmento de edificações, 3,7% no de infraestrutura e 3,5% nos serviços especializados da construção, enquanto os demais, como as obras de reformas e de autoconstrução do segmento informal, devem registrar queda de 0,6%, na comparação com 2021.
Esta expansão do setor formal da construção deverá resultar em cerca de 110 mil novos postos de trabalho. Esperam-se incrementos de 5% no contingente que trabalha em edificações, 4,6% em serviços especializados, 3,3% em infraestrutura e 4,4% no emprego formal do setor.
As projeções foram apresentadas em entrevista coletiva à imprensa em 13 de janeiro, por Odair Senra, presidente do SindusCon-SP; Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia da entidade, e Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre.
Zaidan observou que 2022 será diferente dos anteriores, em função do cenário político-eleitoral que gera incertezas, da evolução da pandemia, e da preocupação fiscal que impacta inflação, câmbio, juros e desempenho da economia. Segundo ele, tudo isso influenciará o desempenho futuro da construção, enquanto aquele dos próximos meses já está dado em função dos negócios fechados nos últimos meses.
Segundo o vice-presidente, embora haja deflação nos preços de alguns materiais, ela não chegou a neutralizar os expressivos aumentos ocorridos a partir de meados de 2020. Ainda há problemas de logística que afetam o fornecimento de alguns insumos, acrescentou, o que exige das construtoras programarem com muita antecedência seus pedidos junto aos fornecedores.
Em relação à evolução da Covid-19, informou que no momento os afastamentos ainda são em menor volume que no início da pandemia, e que a duração desses afastamentos, de sete dias, não chega a afetar a produtividade nas obras.
Já Odair Senra enfatizou a necessidade de se mudar a legislação urbana no município de São Paulo, para possibilitar a utilização de mais terrenos para empreendimentos de médio e alto padrão.
Previsões para 2022
Em sua apresentação, Ana Maria apontou os desafios a serem enfrentados pela construção em 2022, tais como elevação da inflação e dos juros, queda da renda das famílias, maior incerteza por parte dos investidores, e escassez de mão de obra qualificada.
Entretanto, prosseguiu, vários fatores deverão contribuir para que a indústria da construção siga em expansão: o investimento em imóveis como ativos seguros; o crescimento dos investimentos privados em infraestrutura, resultante das recentes e futuras concessões; e investimentos públicos costumeiros em anos eleitorais como este.
Ela ainda mostrou o impacto do aumento dos juros, o que deverá afetar a demanda por parte dos segmentos de menor renda da população e, consequentemente, diminuir o volume das concessões de financiamentos imobiliários. Em relação aos custos dos insumos, observou que as commodities não devem ter seus preços elevados como em 2021, mas será preciso acompanhar o comportamento do câmbio e da pandemia. De outro lado, os reajustes da mão de obra serão maiores do que no ano passado.
Em relação ao programa Casa Verde e Amarela, comentou que a diminuição das contratações ocorreu em um cenário onde os juros do crédito imobiliário eram mais atrativos, o que mudou. Entretanto, disse ainda ser cedo para analisar se as novas condições do programa vão se resultar na retomada do ritmo de contratações.
“Os desafios ao setor serão significativos, incertezas podem se acentuar ao longo do ano, mas a continuidade do ciclo de recuperação da atividade da construção está garantida neste início de ano, ainda que não no mesmo ritmo do ano passado.”
Em 2021, expansão de 8%
A economista estimou que o PIB da construção deva aumentar 8% em 2021, na comparação com 2020, favorecido por diversos fatores, como os baixos juros do crédito imobiliário. Todos os segmentos devem apresentar expansão: serviços especializados da construção (10%), empresas (8%), edificações (7%), obras de infraestrutura (8%) e reformas e autoconstrução (8%).
Ela apresentou os diversos indicadores do desempenho do setor no ano passado, com destaque para o aumento expressivo do número de postos de trabalho, porém acompanhado de queda no rendimento médio real. Também destacou os maiores problemas enfrentados pelas construtoras, como a demanda insuficiente, o aumento do custo dos insumos e a concorrência dentro do próprio setor. E mostrou como a atividade do setor já está acima da verificada no período anterior à pandemia.